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Produção de vinhos finos mais sustentáveis em SC

Epagri e UFSC recomendam uvas Piwi para viticultura sustentável


Foto: Pixabay

Santa Catarina recebe orientações da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sobre o cultivo das variedades de uvas viníferas Felícia e Calardis Blanc. Ambas são consideradas uvas Piwi, contribuindo para a produção de vinhos finos com maior sustentabilidade ambiental e econômica, conforme divulgado pelo Governo de Santa Catarina.

O termo Piwi tem origem na palavra alemã "pilzwiderstandsfähigen", que significa resistente a doenças fúngicas. Essas variedades fazem parte de um grupo obtido nos últimos anos por meio de melhoramento genético, resultante de cruzamentos entre variedades viníferas e espécies selvagens. O objetivo é reunir em uma única planta a qualidade das viníferas e a resistência às doenças das variedades selvagens, possibilitando a produção de vinhos finos com custos reduzidos e impacto ambiental menor.

As uvas Felícia e Calardis Blanc foram desenvolvidas na Alemanha pelo Instituto Julius Kühn, parceiro da Epagri. André Luiz Kulkamp de Souza, pesquisador da Estação Experimental da Epagri em Videira e coordenador do projeto, destaca que ao longo de oito anos, essas variedades foram testadas em cinco regiões catarinenses: Água Doce, São Joaquim, Curitibanos, Videira e Urussanga.

Kulkamp relata que a uva Felícia combina genes de resistência ao míldio e ao oídio, resultando em uma redução de mais de 60% nos tratamentos fitossanitários em comparação com variedades viníferas tradicionais. Destaca-se pela produtividade elevada, atingindo uma média de 18 toneladas por hectare em sistema de espaldeira, podendo aumentar conforme o método de condução adotado.

Além disso, apresenta alta fertilidade de cacho, produzindo, em média, mais de dois cachos por ramo, superando a maioria das variedades. As bagas e cachos são grandes, com peso médio de 200g por cacho, podendo requerer raleio. A uva Felícia também se destaca pela superprecocidade, sendo recomendada para a produção de vinhos tranquilos e espumantes de consumo jovem. Seu aroma é delicado, floral e frutado, com ênfase em frutas brancas como banana e maçã verde, proporcionando um vinho leve ao paladar, com acidez harmoniosa e bastante frescor.

A Calardis Blanc também demonstrou uma redução significativa, superior a 60%, nos tratamentos fitossanitários em comparação com as variedades tradicionais de Vitis vinifera. Com genes de resistência ao míldio, oídio e black rot, essa variedade destaca-se por sua alta produtividade, alcançando pelo menos 15 toneladas por hectare a cada safra, podendo chegar a 20 toneladas. Quando conduzida em espaldeira, mantém uma média de 16 a 17 toneladas por hectare.

A Calardis Blanc é uma variedade fértil, produzindo em média 2,5 cachos por ramo, sendo de tamanho médio, com cerca de 130 gramas cada. Assim como a Felícia, pode demandar raleio. Essa variedade apresenta grande potencial para a produção de espumantes, com tonalidade amarelo-esverdeada. Seu aroma é complexo, com notas de frutas brancas como pêssego e maçã, frutas cítricas como limão e laranja, além de toques florais, mineralidade e notas herbáceas. No paladar, oferece corpo leve, acidez fresca, persistência média e um retrogosto agradável.

As recomendações de cultivo visam fortalecer a viticultura sustentável em Santa Catarina, promovendo a produção de vinhos finos com características distintas e alinhadas aos princípios de preservação ambiental e eficiência econômica.

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