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Produção nacional canavieira deve aumentar 50% em nove anos

O mundo dependerá, cada vez mais, da oferta de produtos brasileiros face os seus menores custos de produção


 Este é o cenário futuro para o setor canavieiro nos próximos anos. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, Caio Carvalho. O executivo falará dessa perspectiva na Feira de Negócio dos Produtores Nordestinos de Cana (Norcana), que será realizada na Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP). O evento começou na segunda-feira (23), com a palestra de Carvalho, e termina na quarta-feira (25).

 
O cenário atual é de incertezas, devido a quatro fatores, dois deles por erros de políticas internas, um devido aos excedentes global de açúcar e outro a questões climáticas, além desses, há também motivos referentes à transição da economia global, todavia, na avaliação de Caio Carvalho, todo este cenário negativo não deve continuar a médio e longo prazo. O dirigente lembra que a demanda dos produtos setoriais segue e seguirá crescendo a índices importantes, seja no mercado interno ou externo, por esta razão, mesmo no pior cenário, a perspectiva é de dobrar a demanda global por cana até 2030, o que é impressionante.
 
“Frente a isso, o país deve perceber que precisa manter a sua liderança mundial no setor sucroenergético, sendo extremamente importante uma posição clara de governo, visando manter e ampliar a oferta de energias renováveis em sua matriz energética”, pontua Carvalho. Neste sentido, diz o dirigente da ABAG, cabe ao governo recuperar políticas anteriores consagradas, como a volta da alíquota da CIDE e a correção dos preços da gasolina. “O congelamento dos preços da gasolina sufoca o etanol”, critica o presidente da AFCP, Alexandre Andrade Lima. Carvalho lembra que o etanol sofre um ‘apagão’ de políticas públicas internas e a Petrobrás um ‘apagão’ de resultados financeiros, face o absurdo da política de preços de combustíveis, especialmente para a gasolina.
 
Em paralelo a esta dificuldade interna, o presidente da ABAG ressalta que o ciclo de alta de preços do açúcar está perto de retornar. “O açúcar completará sua 4ª safra global com excedentes, porém agora bem menores”, conta. Quando menor for o excedente, melhor será o preço, conforme as regras de mercado, com base na lógica da oferta e procura.  Outro ponto favorável para o crescimento da produção brasileira é a manutenção dos mandatos de etanol nos EUA e na União Européia. “Estas são mercados de importante valor ao Brasil”, enfatiza Carvalho.
 
“Logo, mesmo diante de relevantes problemas atuais que projetam uma visão negativa de curto prazo, é preciso olhar um pouco mais adiante, porque se desenha uma perspectiva excelente para o setor, sobretudo, por tratarmos de uma cultura semiperene, como é a cana”, finaliza.
 
Por isso, Carvalho entende que cabe ao produtor investir na utilização da tecnologia existente. Dentre elas, ele destaca o uso de variedades de cana apropriadas; insumos modernos ao controle de pragas e doenças, das ervas daninhas; uso de maturadores, da irrigação e da mecanização agrícola tecnificada. Além desses, ele também chama atenção ao atual desenvolvimento das tecnologias canavieira de 2ª e 3ª gerações. A 2ª geração diz respeito à produção de etanol da celulose, enquanto a 3ª trata da biotecnologia em leveduras e outros produtos. A tecnologia já está sendo desenvolvida pelo setor produtivo de Alagoas e São Paulo.

 
Mais palestras

Outros temas integram o ciclo de palestras da Norcana. Todas estão voltadas para o desenvolvimento do segmento canavieiro. Dentre eles, a oportunidade de negócios com uma proposta de reflorestamento, como opção nas terras com alta declividade. O tema será exposto pelo doutor Flávio Pereira da Universidade Federal de Viçosa (MG), às 16h, na terça-feira (24). No mesmo dia, às 15h, Rodrigo Grabalos, que é representante da empresa Yara Brasil, mostrará como está o mercado de fertilizantes.
 
Na quarta-feira (25), último dia da Norcana, às 17h, os participantes terão a oportunidade de conhecer uma nova proposta para o corte de cana em áreas declivosas. O projeto de uma nova colheitadeira capaz de realizar o corte da cana nestas áreas foi desenvolvido pelo Grupo EQM, e será apresentado pelo diretor Agrícola, José Heleno do Rego Barros Junior. No mesmo dia, às 15h, a meteorologista Francis Lacerda, do Instituto Agronômico do Estado, apresenta a previsão climática para os próximos meses na região. Já às 16h, o consultor da DTA, Wagner Pires fala sobre o manejo de pastagem.
 

Negócios

Além do ciclo de palestrar, a Norcana também contribuirá para promover o desenvolvimento do setor através do estímulo à transferência de tecnologias e o intercâmbio de informações sobre ações e manejo nos canaviais. Insumos e ferramentas para os tratos e renovação da safra, por preços abaixo do valor de mercado, serão comercializados durante os três dias da feira. Na avaliação do gerente comercial da Cooperativa de Produtores da AFCP, Hermano Interaminense, a movimentação em negócios, deve atingir o montante de R$ 3 milhões durante a Norcana. 

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