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Produção orgânica é o diferencial de Campina Grande do Sul (PR)

A natureza rústica dos pés de Kakimel colaborou para que o município ganhasse um diferencial na produção: é praticamente 100% orgânica



Os primeiros caquizeiros foram plantados em Campina Grande do Sul no ano de 1918. A fruta, cuja definição botânica (Diospirus Kaki) significa alimento dos deuses, despertou nos agricultores da região o interesse no cultivo, atraídos pelo manejo simples exigido na manutenção dos pomares da variedade Kakimel. Hoje, o caqui é produzido numa área de 300 hectares em 250 propriedades e rende uma produção média anual de 3,5 mil toneladas - antes da geada de 2006.


A natureza rústica dos pés de Kakimel colaborou para que o município ganhasse um diferencial na produção: é praticamente 100% orgânica. ""Cerca de 80% da cidade são áreas de mananciais que precisam de proteção ambiental, o que levou os agricultores adotarem métodos e insumos de agricultura orgânica, de custos mais baixos. A cidade tem vocação ambiental e saímos com vantagem disso tudo"", raciocina Humberto Bicca, engenheiro agrônomo da Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente.

Segundo ele, há 15 anos os fruticultores buscam aplicar novas tecnologias na produção, como melhorias no processo de destaninização, técnicas de podas, aplicação de caldas no controle de doenças e tratamento fitossanitário no inverno. ""Muitos produtores conseguiram facilmente a certificação orgânica. Para a fruticultura isso significa sustentabilidade, além de agregar valor ao produto e maior retorno para as famílias produtoras. O caqui certificado chega a dobrar de preço no mercado,"", informa Bicca.


Para a Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), o cultivo de frutas orgânicas e saudáveis é o grande diferencial de Campina Grande do Sul em relação aos municípios produtores de caqui do Norte do Estado. ""No Norte há o maior volume de produção, o cultivo é mais recente, explora as variedades Fuyu e Giombo, aplicando novas técnicas de manejo e renovação dos pomares. Campina Grande domina a produção do Kakimel, com caquizais antigos, seguindo um modelo tradicional e orgânico. É nesse viés que o município deve apostar"", compara o agrônomo Paulo Andrade do setor de Fruticultura da Seab.

Além da fruta in natura, outra forma de lucrar com a produção foi encontrada pela família do produtor agroecológico Marcelo Passos. Desde 2002, eles investem no processamento de geléias de caqui, com duas versões da guloseima: uma mais azedinha com polpa de maracujá e outra mais picante com gengibre. A geléia foi uma forma de aproveitar o caqui sem valor comercial que seria descartado. O selo orgânico certifica não só os frutos in natura, mas até o açúcar usado no preparo do doce. Anualmente, só com o caqui são produzidas cerca de três toneladas de geléia. A empresa trabalha com outros tipos de geléias, caldas e antepastos. (F.G.)
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