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Produtividade média de soja do Paraná é a melhor do país


O último boletim com indicadores econômicos da Companhia Nacional do Abastecimento, do Ministério da Agricultura, editado em dezembro, estima que o Paraná irá obter, na safra 2004/2005, a melhor média de produtividade da soja do país, com 121 sacas de 60 quilos por alqueire, ao lado do Mato Grosso. Esta projeção aumenta a distância entre os resultados da soja tradicional paranaense e os estimados para a soja transgênica plantada no Rio Grande do Sul, que deve registrar, no mesmo período, o pior índice de produtividade brasileiro, de 90 sacas por alqueire.

Em algumas regiões do Paraná, a soja convencional está conseguindo produtividade bem acima da média estadual, por exemplo, em Coronel Vivida, Sudoeste do Estado. Nesse município, a produtividade passa das 140 sacas de 60 quilos por alqueire. Os agricultores Reneu Rafael Colferai e Darci Betanin conseguiram o resultado, já na safra passada, de 150 sacas de 60 quilos por alqueire.

No município de Chopinzinho, também no Sudoeste, os agricultores Antônio e Roberto Prado produziram 125 sacas de 60 quilos por alqueire. E no município de São João, na mesma região, o agricultor Lothário Dierings obteve uma produtividade de 130 sacas por alqueire.

No entanto, os bons números vão muito além, como atesta uma correspondência enviada nesta semana para o governo estadual, assinada pelo engenheiro agrônomo Marco Antônio Fernandes, da empresa de consultoria e assessoria agrícola Sólida. Ele dá como exemplos de desempenho a Procomp Agropecuária Ltda, de Ponta Grossa, e a Theodoro Los, de Carambeí.

Estes produtores alcançaram, na safra 2002/2003, uma produtividade média de 162 sacas de 60 quilos por alqueire e de 165 sacas de 60 quilos por alqueire, respectivamente. Segundo o engenheiro, nos dois casos, a produtividade média vem crescendo nas últimas três safras, com registro sempre acima de 153 sacas de 60 quilos por alqueire.

Segundo os agrônomos Ivan Vitor Dariva, Jorge Luiz Canterle, Vilmar Luiz Ferri e Eli da Costa Martins, todos técnicos da Secretaria da Agricultura, do núcleo regional de Pato Branco, essa produtividade é o melhor exemplo para que “os agricultores paranaenses não dêem ouvidos à falácia de que a soja transgênica é a mais produtiva”. Segundo eles, “a transgenia desse tipo de soja serve apenas para incrementar o uso do glifosato, não tendo nada a ver com a produtividade”.

Já para o engenheiro agrônomo Rudmar Luiz Pereira dos Santos, também da Secretaria da Agricultura de Pato Branco, “o menor custo com herbicidas na soja transgênica é ilusório”. Para ele, o gasto com herbicidas nesse tipo de soja tende a aumentar com o passar do tempo, já que existem plantas daninhas resistentes ao glifosato.

Rudmar diz que isso já acontece nos Estados Unidos e que fatalmente ocorrerá no Brasil. Ele adverte ainda que a introdução da soja geneticamente modificada vai elevar o já dramático uso de agrotóxicos a base de glifosato. Esse fato, aliado à permissão dada recentemente pelo governo federal para que o limite de resíduo do glifosato na soja transgênica fosse elevado em 50 vezes, trará resíduos nocivos nos grãos colhidos e nos alimentos processados com esses grãos.

“A preocupação é grande, já que cerca de 70% dos alimentos processados têm a soja entre seus ingredientes. A opção é evitar o consumo de alimentos que contenham elementos geneticamente modificados”, afirma Rudmar. Ainda segundo ele, os órgãos responsáveis pelos interesses dos consumidores deveriam aumentar a fiscalização e exigir a impressão do símbolo do transgênico no rótulo dos alimentos, quando processados com soja geneticamente modificada. “Dessa forma, a população poderá rejeitar os alimentos transgênicos, a exemplo do que já ocorre na Europa”.

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