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Produtor contabiliza prejuízos e teme situação se agravar se clima não for favorável

O produtor sentiu o revés do forte temporal que se abateu no fim da tarde do dia 1º de outubro e os cinco dias consecutivos de chuva


Diz um ditado popular que o produtor rural tem a maior empresa a céu aberto. Porém, quando ele planta, não sabe se vai conseguir colher e,quando consegue colher, não sabe se vai conseguir vender a sua produção. E este ditado está bem presente nesta safra, tanto para as culturas de inverno, no caso o trigo, e nas principais culturas de verão, como o tabaco e o milho por exemplo. Isto ocorre porque nas duas últimas semanas, o produtor sentiu o revés do forte temporal que se abateu no fim da tarde do dia 1º de outubro e os cinco dias consecutivos de chuva verificados na semana passada, quando o município registrou uma média geral de 190mm.

Ao traçar um panorama das perdas ocasionadas por estas intempéries climáticas, o chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar Vicente Fin, salienta que as culturas que mais sofreram perdas são o tabaco, o milho e as hortaliças, além do trigo. Porém, ele alerta que ainda é cedo para quantificar as perdas, pois estas culturas ainda estão se estabelecendo, a exceção do tabaco, que já está sendo colhido.

As plantas de milho que estavam tombadas em função do vento e que estavam em contato com solo, tiveram a situação agravada por causa da umidade excessiva, aliada com o sol forte dos últimos dias. Com isso, ocorreu o apodrecimento das plantas, o que vai refletir na redução da quantidade e da qualidade do grão. 'Porém, como a época ainda é favorável ao plantio, não vai ocorrer uma redução tão drástica de área', observa Fin.

No trigo, observa o agrônomo, o excesso de umidade acaba favorecendo o aparecimento de doenças fúngicas e isto prejudicará o resultado final na hora da colheita, pois a cultura está em fase de enchimento de grãos. Nas hortaliças que não estão protegidas por sombrite ou por plástico, as perdas são acentuadas pois estão apodrecendo em função do calor forte aliado ao excesso de umidade ainda existente no solo. Neste caso, uma das culturas mais atingidas é o morango. No tangente ao arroz, mesmo os produtores que utilizam o sistema de planto direto, estão enfrentando dificuldades de preparo do solo por causa do nível elevado de água dos quadros, e, com isso, também não conseguem efetuar o plantio. Para as pastagens, há a vantagem de que a umidade favorece o seu crescimento, porém, há a desvantagem de que nos piquetes, o gado pisoteia e com isso, forma barro e prejudica a qualidade da mesma.

Tabaco

Por ocasião do forte vendaval do dia 1º outubro, Fin já havia estimado perdas superiores a R$10 milhões no tabaco, ocasionadas pela quebra acentuada e tombamento dos pés e da rasgadura das folhas. A situação do tabaco também está agravada porque os pés tombados ou as folhas quebradas que ficam em contato com a umidade do solo, estão queimando por causa do sol forte dos últimos dias, o que é determinante para a perda da quantidade e da qualidade, além de favorecer o aparecimento de doenças e apodrecimento também das raízes.
Morador de Linha Hansel, o fumicultor João Carlos de Borba, que plantou 60 mil pés nesta safra, estima perdas que variam entre 25% e 30% e ele teme que estas perdas podem ser maiores se confirmarem as chuvas fortes que estão previstas para ocorrerem a partir desta quarta-feira, 18.

Borba salienta que como o seu tabaco é mais novo, não teve muita quebra por causa do temporal, e sim, mais pelo tombamento e folha rasgada. Porém, isto prejudica a colheita e a aplicação do antibrotante. 'Quando as plantas estão bem retas, é fácil aplicar o antibrotante. Porém, como o tabaco está tombado, vou precisar aplicar várias doses num mesmo pé, o que vai encarecer o custo final de produção, pois vou precisar adquirir mais frascos de antibrotante', frisa, acrescentando que também vai elevar o custo da mão de obra, pois o tabaco tombado não permite uma colheita mais ágil.

Antes do temporal, o tabaco vinha se desenvolvendo bem e com isso, Borba tinha a expectativa de colher uma safra cheia. Porém, as intempéries climáticas frustram o fumicultor. 'O jeito agora é torcer para que não ocorram mais temporais e nem enxurradas para a gente pelo menos conseguir colher o que ainda tem na lavoura', deseja. Até o momento, Borba colheu somente o baixeiro e observa que a qualidade é bem inferior ao baixeiro que colheu nas últimas safras.

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