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Produtor de café ganha 20% mais com safra deste ano

Entretanto, a alta dos preços ainda é insuficiente para remunerar os cafeicultores


Com a escalada dos preços do café no mercado internacional, principalmente, a partir do segundo semestre do ano passado, mediante a expectativa de uma produção brasileira menor no ciclo 2007/08, os produtores tiveram na safra passada um ganho real médio ao redor de 20% na comparação com a safra anterior, segundo estimam especialistas do setor.

Entretanto, o superintendente comercial da Cooperativa de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), Lúcio Dias, diz que a alta dos preços ainda é insuficiente para remunerar os cafeicultores, já que houve aumento no custo de produção, mediante os investimentos feitos em adubos e em defensivos agrícolas. "Não é um preço que da água na boca para o produtor sair plantando e investindo", disse Dias.

Além disso, segundo Dias, o cafeicultor ainda não recuperou o prejuízo que acumulou no fim da década de 1990 até 2002, quando os preços do produto estavam desvalorizados decorrente do desequilíbrio entre a oferta e a demanda.

De acordo com Dias, o cafeicultor vendeu a saca de café arábica (de 60 quilos), a R$ 240,00. Para ser remunerador, o superintende da Cooxupé destaca que o preço deveria ser acima de R$ 270,00.

Quem deixou para vender o café no fim do ano passado teve uma rentabilidade melhor. A saca de café arábica iniciou o ano a R$ 220e fechou a R$ 290, o que representa um aumento de 31,81%. O custo oscilou de R$ 215 a 220 a saca.

Mas esse foi o primeiro ano, segundo Wilson José de Oliveira, presidente da Associação dos Cafeicultores o presidente da Região de Patrocínio (Acarpa), que o produtor vendeu a mercadoria por um preço maior que o custo depois da crise. "Antes os produtores estavam trabalhando zero a zero. Sem lucro’’, disse. Nos últimos quatro e cinco anos o produtor trabalhou sem cobrir os custos’’, acrescentou.

A expectativa é que os preços da commodity continuem elevados pelo menos nesses dois anos, já que os estoques mundiais continuam baixos e o consumo permanece em alta. "Os preços do café devem se manter em alta até que os estoques sejam repostos’’, disse Oliveira. O superintende da Cooxupé confirma que os preços do café tendem a se manter elevados ao longo do ano. "Todo mundo espera que o mercado trabalhe com rentabilidade’, disse Dias.

OIC:

Em sua primeira estimativa para o ano de comercialização 2007/08, a Organização Internacional do Café (OIC) prevê uma safra global de 109 milhões a 112 milhões de sacas, em comparação a 122,27 milhões na estação anterior.

Levando em conta as estimativas iniciais sobre a produção do Brasil, o maior produtor mundial do grão, OIC disse que, mesmo que a produção em outros países aumente em 2007/08, "não será suficiente para contrabalançar a redução" no Brasil. Prevê-se que a safra de café de 2007/08 no Brasil será de 31,1 milhões a 32,3 milhões de sacas, ante 42,5 milhões em 2006/07.

A OIC prognostica que em 2007 a demanda mundial de café será de 118 milhões a 120 milhões de sacas, em comparação com 116 milhões em 2006. "A oferta atual e a estrutura da demanda fortaleceram a firmeza dos preços registrados em dezembro e no início de 2007, o que confirma minha previsão de que a recuperação dos preços deverá manter-se", disse Nestor Osorio, diretor da OIC.

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