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Produtor deve entregar seu estoque de milho ao governo


Os baixos preços do milho - que desvalorizaram 7% em três meses - vão fazer com que os produtores exerçam os contratos de opção lançados pelo governo. Os agricultores têm até o próximo dia 30 para entregar o grão nos armazéns credenciados. Com isso, estima-se que os estoques oficiais de milho voltem aos níveis de 2001, superando 1,8 milhão de toneladas.

Em agosto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento lançou contratos para 800 mil toneladas de milho, com vencimento em outubro e novembro. Do total ofertado, 767,1 mil toneladas foram contratadas. As estimativas do governo é que pelo menos 740 mil toneladas sejam entregues.

O agricultor está optando por entregar o grão à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) porque o preço de mercado está abaixo do exercício da opção. A Conab irá pagar R$ 18,30 a saca (60 quilos) do produto oriundo do Paraná. Atualmente, o valor pago no estado é de R$ 15 a saca no porto e, em algumas cidades do interior, R$ 13,60 a saca. Quando o contrato foi firmado, em agosto, o preço de mercado estava em R$ 16 a saca.

Com a entrega do milho, o governo passa de um estoque de 1,1 milhão de toneladas para 1,8 milhão de toneladas, o maior dos últimos quatro anos. Em 2000, os estoques públicos eram de 326 mil toneladas, passando para 1,7 milhão de toneladas no ano seguinte e caindo para 126 mil toneladas em 2002. No ano passado, quando o governo também realizou contratos de opção, os estoques chegaram a 1,4 milhão de toneladas. "Venderemos o grão no momento oportuno", diz o secretário de Política Agrícola do ministério, Ivan Wedekin. Segundo ele, o objetivo era sustentar o mercado, mas a safra recorde dos Estados Unidos contribuiu para derrubar as cotações acima do esperado.

"Para o tamanho da safrinha, o volume de opção ficou abaixo da capacidade para dar suporte ao preço", diz Paulo Molinari, consultor da Safras & Mercado. Além disso, ele acrescenta que houve atraso na colheita da segunda safra (10,4 milhões de toneladas). "O preço no mercado interno está muito baixo, o produtor não tem para quem vender", conclui Vera Zardo, engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Deral). Segundo ela, se não houvesse a intervenção muitos produtores colocariam o produto no mercado.

"Há cinco meses estamos no fundo do poço", reclama Valdir Corrêa da Silva, da Federação da Agricultura do Estado de Mato Grosso (Famato). Ele diz que, em média, o grão está sendo comercializado a R$ 10 a saca no estado. O governo vai comprar o grão a R$ 13 a saca. O assessor da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Masifioletti, diz que outro fator importante para os preços baixos é a pouca procura das indústrias, fazendo com que o produtor carregue o estoque. Além disso, ele acrescenta que o câmbio não está favorecendo as exportações.

"Os preços são ruins agora, mas tendem a melhorar", avalia Daniel Dias, analista da FNP Consultoria. Isso porque, segundo ele, a primeira safra do grão será menor do que o esperado, já que há redução de área, e as exportações da safra atual foram maiores que as estimativas iniciais, diminuindo o estoque de passagem.

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