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Produtores de erva-mate comemoram bom momento do setor

Tendência de aumento no preço da erva-mate


Redução de área plantada e aumento no consumo resultam em uma tendência de aumento no preço da erva-mate, que volta a ser uma boa alternativa para produtores rurais
Na última década o setor da erva-mate passou por uma profunda transformação. Depois de uma sequência de preços que não cobriam os custos de produção, o setor vem dando uma guinada. Nos últimos 12 meses, os produtores viram o preço da matéria-prima aumentar, e consequentemente, a atividade está atraindo cada vez mais os olhares dos produtores rurais.

O presidente do Sindicato da Indústria do Mate no Estado do Rio Grande do Sul, Alfeu Strapasson, diz que a elevação acelerada nos preços da erva-mate nos últimos 12 meses é o reflexo de várias situações que vão deste uma conjuntura local até fatores do mercado internacional.

Hoje os únicos produtores de erva-mate no mundo são o Paraguai, Argentina, Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, porém, mais de 30 países consomem produtos industrializados a partida da erva-mate.

Fatores que estão influenciando no aumento do preço da erva-mate

Segundo Alfeu Strapasson, inicialmente é preciso lembrar que historicamente o preço da erva-mate é muito defasado, e isso fez com que muitos produtores, principalmente daquelas áreas mecanizáveis, fossem substituindo o cultivo da erva-mate por outros produtos, como a soja. Como fatores de aumento no preço da erva-mate ele aponta:

- Redução na área plantada, e consequentemente na oferta de matéria prima.

- Aumento gradual nas exportações de erva-mate. Nos últimos anos houve um aumento de 35% em volume. Além disso, houve uma valorização significativa em dólar.
 
- Aumento no consumo. Por ser uma bebida saudável, a tendência é que o consumo aumente a cada ano em função dos benefícios que ela traz para a saúde.

- Novos produtos. A diversificação de produtos industrializados a partir da erva-mate faz aumentar a demanda por erva-mate. Além do chimarrão, outras bebidas estão sendo industrializadas e a indústria de cosméticos está utilizando esta matéria-prima.

- Fatores climáticos. No último ano houve uma seca que fez com que os ervais produzissem 20% menos. – Aumentos nos custos de produção. Nos últimos anos a cadeia produtiva viu aumentar gradualmente os custos de industrialização de erva-mate.

Boa expectativa para os próximos anos

Alfeu Strapasson enfatiza que a expectativa é que nos próximos anos os preços da matéria-prima continuem em uma trajetória de crescimento.

Na última década, houve uma elevação gradual no preço da erva-mate, neste período, o maior aumento aconteceu nos últimos 12 meses. O reflexo de uma série de fatores que aconteceram nos últimos dez anos ficou mais visível em 2012 e por isso aconteceu este aumento nos preços.

“Hoje a erva-mate no mercado internacional está sendo vendida a um valor mais alto do que o praticado no Brasil. Hoje, na Argentina o preço do produto na prateleira do supermercado gira em torno de R$ 10,00, enquanto no Brasil o mesmo produto é vendido no supermercado no valor que gira entre R$ 6,00 e R$ 7,00. Nós acreditamos que esse valor que é praticado em outros países seja praticado também no Brasil”, destacou.

Segundo ele, como a atividade está se tornando altamente rentável, está havendo uma série de produtores novamente se voltando para este mercado. Porém, é um produto que leva entre seis e sete anos para ter uma rentabilidade viável comercialmente, além disso, é colhida comente a cada dois anos. Diferentemente de uma cultura de ciclo curto, onde o produtor planta e dentro de cinco meses já está colhendo, a erva-mate leva no mínimo seis anos para ter impacto na oferta de produtos.
“A situação está muito boa para o produtor. Acreditamos que os agricultores estão voltando a apostar na erva-mate, e vão se preocupar bastante com a qualidade do produto. A produtividade média dos ervais na nossa região é de oito mil quilos por hectare e é possível chegar até 30 mil quilos por hectare. Por isso as perspectivas são boas para o futuro” disse Alfeu.

Segundo ele, o mundo está buscando produtos naturais e a erva-mate se enquadra nesta característica. Desta forma, acredita-se que a erva-mate vai ter mais aceitação neste mercado. O Brasil exporta para mais de 30 países. Aproximadamente 15% da produção brasileira tem foco no mercado externo. “Entendemos que há uma tendência de aumento de exportação nos próximos anos” concluiu.

Importância da erva-mate para o Rio Grande do Sul

Segundo o presidente do Sindicato da Indústria do Mate do Estado do Rio Grande do Sul, Além da importância econômica para o Rio Grande do Sul, a erva-mate também tem impactos sociais, ambientais e culturais.
 
Atualmente mais 200 empresas trabalham diretamente com a erva-mate no Estado. São milhares de empregos que são gerados em função da erva-mate e milhões e reais em impostos.

O cultivo da erva-mate é típico da agricultura familiar, são mais de 13 mil famílias que trabalham com erva-mate no Rio Grande do Sul, estando presente em 277 municípios gaúchos. Isso significa que 50% dos municípios do Rio Grande do Sul tem sua economia movimentada, entre outros setores, pelo cultivo e industrialização da erva-mate.

Com relação aos benefícios ambientais, se trata de uma árvore que colabora com o meio ambiente, inclusive, ela pode ser trabalhada em áreas de florestas de APPs ou reflorestamento, podendo ser utilizada como extrativismo. A importância cultural é destacada pois a árvore é considerada um símbolo do Rio Grande do Sul, além disso, o chimarrão é uma bebida típica sendo o símbolo da hospitalidade do Estado.

Novas perspectivas

Hoje a maior parte da matéria-prima é destinada ao consumo no chimarrão, tereré, chá e mate tostado. Porém, Strapsson enfatiza que estão surgindo bebidas a base de erva-mate, que se assemelham ao refrigerante, além disso, estão surgindo cosméticos e medicamentos. Nos últimos anos há uma série de pesquisas sendo feitas com a erva-mate, por isso novos produtos devem ser lançados no mercado em breve.

“Nós estamos em um momento interessante no Rio Grande do Sul, onde o Governador Tarso Genro encaminhou para a Assembléia uma solicitação nossa, que é a criação de um fundo estadual para a erva-mate, que é o Fundomate. Acreditamos que este fundo será aprovado e o objetivo é encaminhar um valor por tonelada de produto industrializado por cada empresa. Os recursos gerados por cada empresa serão utilizados na promoção, divulgação, fiscalização e organização do setor isso trará grandes benefícios no futuro para a cadeia produtiva” destacou.

Para ele a falta de valorização na última década fez com que neste momento estivéssemos atravessando por este período de mercado. E mesmo com um aumento no preço, ela continua sendo muito acessível. Com um quilo de erva-mate se fazem oito cuias de mate, e cada cuia é possível tomar 20 ou 30 mates. O custo por mate tomado é de 2 ou 3 centavos. Mesmo com o aumento de preço ele se torna muito acessível.
 
Investimento em manejo

O empresário e também produtor de erva-mate Olírio Zardo, está na atividade há mais de 40 anos em uma área de pouco mais de 12 hectares. Segundo ele, um grande problema enfrentado pelos produtores é com relação ao manejo, pois o produtor poderia aumentar seus ganhos, mas ainda falta muito conhecimento de manejo para aumentar a renda dos agricultores.

O erval precisa ser pensado desde o seu plantio, de uma maneira que possa otimizar a área. Também há a necessidade de um manejo na extração. A falta de habilidade no momento do corte pode comprometer tanto a produção daquela safra, quando a do próprio erval a longo prazo.

Zardo comenta que seria muito interessante que o produtor recebesse uma visita técnica e orientação sobre toda o manejo do erval. Desde as melhores maneiras de plantar, até uma orientação das pessoas que fazem a extração da erva. Assim poderia haver uma maior lucratividade para os produtores. Segundo ele, neste momento apesar das perspectivas de bom preço, muitos produtores perdem financeiramente em função da pouca produtividade dos ervais causada pelo manejo inadequado.

O grande problema é que os erros no manejo fazem com que a manutenção do erval tenha um preço mais elevado, desta forma, em alguns casos, o preço pago ao produtor não é suficiente para cobrir os custos.

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