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Produtores de trigo pedem reajuste de 30% para o preço mínimo


Os produtores brasileiros de trigo querem que o governo federal aumente em 30% o limite para o custeio da produção e o preço mínimo do grão. A proposta para a próxima safra, que pode atender em parte a reivindicação, será apresentada em 10 dias pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento. A vigência das mudanças, no entanto, depende da aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Em reunião ontem com o setor produtivo, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin, disse que pode atender parte das reivindicações, encaminhando uma proposta para a próxima reunião do CMN, prevista para o final deste mês.

O cultivo de trigo, em algumas regiões do Brasil, inicia na segunda quinzena de fevereiro. Por isso, Iwao Miaymoto, diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes (Abrasem), diz que a política para o setor tinha que ser sinalizada em outubro passado.

Reajuste insuficiente

O reajuste nos preços mínimo e nos limites de custeio de 30% é baseado no aumento dos custos de produção. Mas Getúlio Pernambuco, chefe do Departamento Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), disse que este aumento é insuficiente para estimular a produção nacional do grão. Isto porque, o trigo no mercado internacional está cotado em R$ 600 a tonelada.

Com o reajuste, o produto nacional passaria de R$ 300 para R$ 400 a tonelada (para as regiões não tradicionais). Para contornar o problema, o setor quer que o governo lance para o trigo o mesmo mecanismo proposto para a cultura do milho: a Linha Especial de Crédito para Custeio (LEC), a ser aprovada extraordinariamente no CMN, que permite o financiamento com paridade de preços de mercado e não o preço mínimo.

Clima adverso

A proposta da CNA é que o governo federal libere R$ 900 milhões para o financiamento da safra, o que seria suficiente para atender a 50% do cultivo.

A estimativa é que este ano o País vai plantar 2,3 milhões de hectares do grão, capazes de produzir 4,5 milhões de toneladas. No ano passado, foram 2 milhões de hectares cultivados, com uma produção de 2,9 milhões de toneladas - houve quebra por questões climáticas. Segundo Getúlio Pernambuco, o setor de trigo quer também que sejam lançados, ainda no mês de fevereiro, contratos de opção para atender um terço da safra, com vencimento em agosto.

O secretário disse que uma das propostas do governo para o setor será incentivar que companhias privadas de comercialização gerenciem os contratos de compra ou opção com os produtores, cooperativas e indústrias. "A idéia, é desonerar o governo de financiar a liquidez da safra", afirma o secretário nacional, Ivan Wedekin.

Para Ricardo Marcondes Ferraz, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo), é preciso uma sinalização de comercialização a longo prazo para que o produtor de trigo siga plantando a lavoura, inclusive com preços diferenciados como ocorreu no ano passado.

Wedekin disse que o governo pretende manter esta política, pois acredita-se que, o cultivo do grão nas novas fronteiras agrícolas poderá levar o País à auto-suficiência em alguns anos. A meta do governo é, até 2007, o Brasil produzir 60% do consumo do cereal.

Neila Baldi

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