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Produtores do noroeste goiano colhem 90 toneladas de uva

A previsão é que esses números tripliquem com a próxima safra, que se inicia no fim de maio e início de junho


Há cerca de dez anos, visualizar uma plantação de uva no meio do cerrado era uma miragem, hoje é um fato concreto. Parece o Rio Grande do Sul, mas é Goiás mesmo. Na última colheita, finalizada este mês, só as cidades de Ipamerí, Brazabrantes, Catuaraí e Itaberaí, região noroeste do Estado, produziram 90 toneladas da fruta. Volume praticamente igual ao colhido na safra passada, finalizada em agosto. A previsão é que esses números tripliquem com safra seguinte, que se inicia no fim de maio e início de junho. Uma realidade doce, pelo menos para o bolso de quem acreditou na cultura.

Até o fim do próximo ano, com a participação de novos produtores de outras cidades da região, a perspectiva é a produção de dois milhões de quilos da fruta. Tamanho volume de uva é para abastecer uma indústria que será criada pelos próprios produtores na região. Cerca de 30 fazendeiros formaram a Associação de Produtores de Uva do Noroeste Goiano que irão administrar a vinícula que começa a funcionar em meados deste ano.

O novo empreendimento irá gerar 30 empregos diretos somados aos mais de 100 postos de trabalho ocupados hoje pela população da região. A indústria irá fabricar um milhão de litros de líquido por safra de suco de uva e/ou vinho. Para alcançar essa produção, os cultivadores goianos têm uma vantagem a seu favor. O Estado faz parte de uma das poucas regiões onde a fruta pode ser colhida duas vezes por ano. Geralmente, nos meses de novembro, dezembro e janeiro. A outra colheita é realizada em maio, junho, julho e agosto. O manejo da colheita demora a ser finalizado, porque tudo é feito manu-almente, cacho a cacho.

A possibilidade de duas colheitas ao ano só é possível devido ao clima quente/tropical e chuvas moderadas. O que multiplica os lucros e diminui os custos. Segundo o maior produtor de Itaberaí, Danilo Razia, depois de montada a estrutura de cultivo, após três anos e meio, ele gasta em média de R$ 0,25 a R$ 0,30 centavos com a produção do quilo da fruta. O mesmo quilo pode ser vendido por até R$ 3. Um ganho de 300%, em média. Os custos para formação do cultivo, incluída a irrigação por micro-aspersão, sem molhar as folhas da parreira, foram de R$ 43 mil/hectares. Danilo diz que a primeira produção de uva começa dois anos e meio após o plantio. Ele observa que, com a terceira colheita, os investimentos iniciais de R$ 600 mil foram praticamente quitados.

Em seu caso, na Vinicultura Curraleira, Danilo desenvolve três módulos. No primeiro, um hectare com 1.6 mil mudas. No segundo, dois hectares com 3.2 mil mudas. No terceiro, três hectares com 4.8 mil mudas. Na primeira poda, a produção ascendeu cerca de oito toneladas, que foram gradualmente crescendo, alcançando hoje 40 toneladas por hectare.

Toda a produção da fazenda é vendida para o mercado interno. O consumo fica na própria cidade e em Itauçu, Itapuranga, Goiás, Jaraguá e Ceres. Na comercialização, as uvas goianas competem com as do Rio Grande do Sul, ofertadas a preços mais em conta. Mas Danilo apela para o pretexto que seu produto é totalmente livre de fertilizantes.

Ele produz variedades como Isabel precoce, bordô e niágaras rosa e branca. O produtor veio para Itaberaí em 1998 atraído pelo clima, solo e altitude favoráveis. Na propriedade, todo recurso vem da uva, desde dinheiro para a gasolina até os gastos com educação.

A mão-de-obra é feita pela família. A esposa, Vanilda Razia, ajuda na colheita, poda e embalagem. O filho mais velho, Anir Caetano, 24, fica por conta do processo de implantação de mudas em outras fazendas. E até o pequeno Paulo Felipe Silveiro, 9, não escapa do serviço. O viticultor é isento de impostos. Segundo Danilo, o cultivo da cultura é difícil para quem não conhece, exige cuidados e mão-de-obra dia-riamente. Mas ele afirma que a rentabilidade é gratificante.

A família está tão satisfeita com o manejo da cultura que Danilo pretende, até o próximo mês de junho, construir uma vinícula particular. Ele quer produzir 30 mil litros de vinho. Dez mil a cada ano. E só começará a vender as garrafas após três anos de produção e de dez em dez mil. “Espero assim fabricar um vinho de alta qualidade e uma marca própria” , afirma o produtor.

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