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Produtores gaúchos exportam trigo para Europa


Um "pool" de cooperativas do Paraná também está negociando a venda do cereal para o mercado internacional. Pela primeira vez na história o Brasil, tradicional importador de trigo, vai exportar. Um "pool" de cooperativas do Rio Grande do Sul fechou a venda de 100 mil toneladas de trigo tipo "soft" para países da Europa. Os embarques estão previstos para o mês de dezembro, pelo porto de Rio Grande. "Serão dois navios, com 50 mil toneladas cada", informa Jairo Faccio, dono da JF Corretora, empresa responsável pela negociação.

Segundo o empresário, por solicitação dos compradores o valor do negócio e os destinos não poderão ser divulgados. "O trigo brasileiro é de boa qualidade e temos condições de competir com tradicionais exportadores, como os Estados Unidos." O "pool" foi coordenado pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul Ltda. (Fecoagro)

Europa e África

Além do trigo gaúcho, outro "pool", composto por cooperativas paranaenses, está negociando a exportação de trigo para outros mercados. Segundo Flavio Turra, engenheiro agrônomo do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), a estimativa é de que 50 mil toneladas de trigo paranaense sejam exportadas nos próximas semanas. O destino é mantido em segredo, mas o técnico informa que amostras foram encaminhadas para países da Europa e do Norte da África - incluindo a Europa Oriental. "As negociações estão em andamento."

Da mesma forma como ocorreu com o mercado de milho - em que durante quase duas décadas o Brasil importou expressivos volumes e nos últimos anos inverteu a situação e passou a exportar excedentes - a estimativa dos agricultores é de que o trigo siga este mesmo caminho e em pouco tempo possa competir no exterior.

"Encaminhamos amostras do trigo gaúcho para mais de 16 países e conseguimos fechar negócios, superando uma barreira", diz Faccio. De acordo com ele, o trigo "soft" brasileiro adquiriu um grau de qualidade a ponto de ser competitivo com o norte-americano. "Vamos concorrer no mercado internacional", afirma o diretor da JF Corretora, empresa com sede no município gaúcho de Casca, próximo a Passo Fundo.

O Brasil quase atingiu a auto-suficiência em trigo no final dos anos 80, quando a demanda interna oscilava em cerca de 7 milhões de toneladas e a produção chegou a bater 6,2 milhões de toneladas, ou cerca de 88% do consumo.

Depois, a produção caiu e atingiu durante um bom período algo como 25% a 30% do consumo. Foi o período em que o País assumiu a liderança mundial nas importações de trigo. Nos últimos dois anos o governo desenvolveu programa de estímulo à produção e a colheita deste ano deverá atingir 5 milhões de toneladas, para um consumo de 10 milhões de toneladas.

Leilão de opções

O aumento da colheita, porém, não aliviou a situação dos produtores, na medida em que a comercialização está praticamente paralisada nas últimas semanas, segundo informam corretores. No Paraná, os preços oscilam em R$ 420 e R$ 440 por tonelada, diante do preço mínimo fixado em R$ 400. No Rio Grande do Sul, os preços estão um pouco abaixo, em torno de R$ 380 a R$ 420, informa José Maria dos Anjos, diretor de abastecimento da Secretaria de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Para tentar regularizar esta situação, o governo promoveu na sexta-feira o primeiro leilão de opções, o que significa na prática um preço de garantia para o agricultor. Neste tipo de pregão, o produtor rural compra o direito de vender trigo para o governo a um preço pré-definido em determinado período. No primeiro leilão, foram ofertadas 599,94 mil toneladas, depositadas em armazéns do Paraná e do Rio Grande do Sul. Foram negociados no total 503,361 mil toneladas, ou 83,9% do total.

"A procura não foi total, mas foi boa, o que significa que o mercado está reagindo", afirma ele.

Os preços de abertura foram de R$ 59,40 por contrato (equivalente a 27 toneladas) mais um preço fixo de R$ 30 o que significa que o produtor pagou algo em torno de R$ 3 para ter o direito a vender sua produção a R$ 440 por tonelada em 15 de janeiro, informa Faccio.

O encerramento do exercício é em janeiro, mas a expectativa geral é de que os produtores não precisarão "exercer" a opção, ou seja, a tendência é de que os preços subam e acabe sendo mais vantajoso ao agricultor vender no mercado.

A procura maior no leilão de opção foi para o produto armazenado no Paraná. Das 299,97 mil toneladas negociadas, foram vendidas o equivalente a 270,081 mil toneladas em opções, ou 90,04% do total. Já no caso do trigo gaúcho a procura foi de 77,77%, ou 233,28 mil toneladas de um total ofertado de 299,97 mil toneladas, informou dos Anjos.

kicker: Pela primeira vez na história os produtores rurais do Brasil vendem o grão para o exterior

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