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Produtores nordestinos avaliam envio de álcool para o Centro-Sul


Produtores de álcool do Nordeste se reúnem no dia 3 de fevereiro para avaliar os estoques e discutir a possibilidade de transferir parte da produção para o Centro-Sul, que está no período de entressafra. Na safra 2001/02, as usinas e destilarias enviaram 300 milhões de litros para atender a demanda dessas regiões, mas, com o aumento do consumo de álcool nesta moagem, as vendas fora do mercado regional podem provocar desabastecimento. "Vamos fazer uma reunião de avaliação da produção, do consumo e da expectativa para o final da moagem para definir se há possibilidade de suprir o Centro-Sul", pondera o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar), Renato Cunha.

O Nordeste consome uma média de 170 milhões de litros de álcool por mês. "Precisamos garantir nossos estoques para manter nossa auto-suficiência de março a agosto, período da entressafra nordestina", completa Cunha. O presidente do Sindaçúcar diz que não houve um recuo de produção de álcool nas últimas safras. O que ocorreu foi um aumento no consumo, que chegou a 10%, respaldado pelos incentivos à produção de veículos a álcool. A produção nordestina se manteve estável, na casa de 1,5 milhão de litros/ano, responsável por 15% do abastecimento nacional.

O presidente da Associação dos Produtores Independentes de Açúcar e Álcool de Alagoas (Assucal), Alfredo Cortez, compartilha da opinião de Renato Cunha, de que é necessário priorizar o abastecimento regional. "Apenas 8% da nossa é produção é consumida por Alagoas, mas temos responsabilidade com estados que vão da Bahia ao Ceará", observa. Alagoas tem hoje um estoque de 190 milhões de litros, contra 65 milhões de Pernambuco. "Apesar de a moagem ainda se estender até março, o estoque atual é insuficiente para suprir dois meses do consumo regional", frisa Cunha. Segundo o presidente da Assucal, empresários do Centro-Sul já estão fazendo contato com os produtores alagoanos para levantar a possibilidade de adquirir o produto.

Outra alternativa estudada pelo governo para socorrer o Centro-Sul é reduzir o índice de álcool anidro na mistura da gasolina de 25% para 20%. A medida deve entrar em vigor no dia 1º de fevereiro, mas ainda espera parecer dos ministérios da Fazenda, Desenvolvimento e Minas e Energia, que integram o Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima). Durante visita presidencial ao Recife, no início do mês, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, antecipou a possibilidade de usar o mecanismo para aumentar a oferta.

A medida não é bem aceita pelos produtores nordestinos, que estimam prejuízos de R$ 25 milhões/mês (30 milhões de litros), com a redução do mercado. "O governo precisa avaliar os efeitos geográficos, porque enquanto o Centro-Sul vive entressafra, estamos em plena moagem aqui no Nordeste; a medida poderia ter início no Sudeste para só depois chegar por aqui", sugere Renato Cunha, ressaltando que não considera correto pensar o Brasil apenas baseado nos problemas do Centro-Sul.

Nos últimos dois meses, os preços do álcool foram reajustados em cerca de 20%. Em novembro, o litro do anidro em Pernambuco era vendido a R$ 0,72; contra os R$ 0,83 praticados atualmente. Em Alagoas, o produto é comercializado a R$ 0,90. O presidente do Sindaçúcar/PE diz que os aumentos são uma reação aos preços reprimidos do produto nos últimos anos. "Se fôssemos aplicar a correção do preço do álcool anidro pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) de 1997 até outubro de 2002, o metro cúbico do produto deveria ser comercializado a R$ 1.240; no entanto, é vendido a R$ 830", calcula Cunha.

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