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Produtores participam de curso de algodão colorido com especialista da Paraíba

Ao contrário do que muitos acreditam o algodão colorido não é uma inovação tecnológica


Com o intuito de incentivar a produção de algodão colorido em Mato Grosso do Sul, o Governo do Estado, por intermédio da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) e da Sepaf (Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar), está promovendo um curso sobre cultivo orgânico da plumagem. O início da capacitação se deu nesta terça-feira (22) com encerramento marcado para a quinta-feira (24).

Todo o conteúdo do curso está sendo trabalhado pelo engenheiro agrônomo da Embrapa Algodão, Felipe Macedo Guimarães, da cidade de Campina Grande, na Paraíba. As aulas estão sendo ministradas nas dependências do Sinterpa, em Campo Grande.

“O secretário Fernando Lamas é um apaixonado pelo algodão em si e a escolha de um profissional da Embrapa veio exatamente porque é um estado pioneiro nas pesquisas com algodão colorido. Posteriormente, houve experimentos no Mato Grosso e Goiás, mas, acreditamos que o segundo estado que está levando isso à frente é Mato Grosso do Sul”, afirma o superintendente da Sepaf, Edwin Baur.

Para o diretor-presidente da Agraer, Enelvo Felini, a expectativa quanto ao curso é a melhor possível. “Temos alguns produtores aqui. Contudo, o grupo é formado em sua maioria por profissionais da Agraer e a nossa perpectiva é que todos saindo daqui já prontos para plantar e colher o algodão. A missão de nossos servidores é dar assistência técnica ao pequeno produtor e não será diferente com aqueles que tiverem interesse no algodão colorido”.

Produção sustentável

Ao contrário do que muitos acreditam o algodão colorido não é uma inovação tecnológica, pelo contrário. Pesquisas apontam que o mesmo existe há mais de 4,5 mil anos no meio ambiente. O que tem de inovador nele no momento presente é a sua resistência.

algodaocoloridoSe no passado ele perdeu mercado por possuir fibra mais fraca do que o algodão branco, hoje, através do melhoramento genético o cenário está se revertendo. “No assentamento Itamarati, Ponta Porã, tem alguns agricultores que fizeram parceria com a ONG Justa Trama. Funciona da seguinte forma: cada produtor que entra nessa parceria só pode cultivar até um hectare no primeiro ano. A ideia é que a pessoa aprenda o manejo da planta sem grandes riscos. Quem passa por mim a recomendação é de ¼ de hectare, digo que é uma horta de algodão. Ganhar experiência é o objetivo”, explica o produtor Vitor Carlos Neves porta voz da Justa Trama no Itamarati.

“A grande vantagem do algodão colorido quanto ao branco é o custo de produção baixo. O produtor utiliza a mão-de-obra dele, tem uma renda boa e esse é o grande pulo do gato”, afirma o engenheiro agrônomo da Embrapa Algodão (Paraíba), Felipe Macedo.

Outra grande vantagem é o custo benefício para o meio ambiente. Por possuir coloração própria, o algodão não demanda corante e muito menos uma grande quantidade de água. Uma peça de roupa de algodão colorido consome 10% da água que consumiria outra feita com a plumagem branca.

E a colheita é rentável mesmo em períodos difíceis como foi no último ano devido a grande incidência de chuva. “Em 2015 conseguimos colher 2.200 quilos de pluma em todo o Estado. Uma produção considerável se você analisar que houve muita chuva e que são poucos produtores, sendo que cada um dedica uma pequena área ao cultivo”, pontua.

“A renda junto a Justa Trama é certa. Ela nos paga R$ 9,50 o quilo da plumagem, sendo que quando cultivávamos o algodão branco, as empresas nos pagavam R$ 4 o quilo”, avalia Vitor.

Com o auxílio do Estado através da Sepaf, os agricultores conseguiram ampliar a cartela de cores. “A gente cultivava só o da cor rubi, mas, agora, a Sepaf nos viabilizou as cores: marrom, topázio e verde. Sem contar que já estamos com um trabalho bacana com a Agraer de São Gabriel do Oeste incentivando a produção com outros agricultores familiares”, afirma o produtor.

E do que depender dos incentivos a tendência é só aumentar. “No curso estamos com profissionais da Agraer de Aral Moreira, Sidrolândia, Corumbá, Terenos, Campo Grande, Jaraguari, Ponta Porã e São Gabriel do Oeste que terão estes três dias de estudo junto ao engenheiro agrônomo Felipe”, diz Felini.

A ideia está dando tão certo que na região de Ponta Porã já cruzou a fronteira. “No próximo ano vamos incentivar a produção no Paraguai, região de Vila Rica. Alguns agricultores se interessaram e quiseram conhecer o trabalho da Justa Trama”, conta o produtor Vitor.

O cultivo é feito todo dentro dos padrões agroecológicos, ou seja, produtor de algodão explora os recursos disponíveis em sua propriedade, não podendo usar agroquímicos, como adubos, fungicidas, inseticidas, entre outros defensivos agrícolas que podem poluir a água e o solo.

Sem contar que este estilo ecológico de cultivo promove ainda mais a biodiversidade e a segurança alimentar do homem do campo, uma vez que o algodão é, geralmente, cultivado ao lado de outras culturas alimentares como amendoim, coentro, feijão, gergelim, milho, maracujá. Dessa forma, o produtor não se limita a ter o algodão como única fonte de renda.

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