Produtores propõem alongamento das dívidas rurais
A Farsul encaminhou nesta terça-feira uma solicitação ao ministro da Agricultura
A crise que atinge o agronegócio em razão da desvalorização cambial, da queda nos preços das commodities e da estiagem fez com que os produtores contraíssem dívidas de curto prazo. A cada vencimento, o setor cobra do governo um prazo maior para quitá-las e seguir na atividade.
A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) encaminhou nesta terça-feira (12-12) uma solicitação ao ministro da Agricultura, Guedes Pinto, para alongar o período dos débitos a fim de não comprometer os produtores. Segundo o presidente da entidade, Carlos Sperotto, o objetivo é saldar as dívidas com maior precisão e ver a condição de pagamento para estabelecer um calendário adequado ao produtor.
Além deste pedido, o setor também exige a queda na taxa de juros para os financiamentos agrícolas, que hoje chega a 8,75% ao ano. “Esta taxa está vigente desde quando a Selic era de aproximadamente 20%, mas hoje é de 13,25% ao ano”, afirma Sperotto, que realizou uma coletiva de imprensa na sede da entidade sobre o desempenho do setor em 2006. Para ele, o ideal seria entre 2,5 e 3%, mas considera que seria impraticável no Brasil.
De 2005 a 2006 deixaram de circular somente no Rio Grande do Sul R$ 21,3 bilhões em razão da crise no setor primário. O PIB do agronegócio tem uma participação importante de 29,5% na economia gaúcha. De acordo com estudos da Farsul, cada R$ 1,00 gerado na agricultura representa R$ 0,59 na indústria e R$ 0,24 no comércio e indústria.
“Para que a economia do Rio Grande do Sul avance em 2007, é necessário que o setor primário consiga um crescimento de 16%”, alerta Paulo de Tarso Pinheiro Machado, assessor de economia da Farsul. Somente a indústria de máquinas do Estado demitiu ao redor de 15 mil funcionários este ano, segundo o sindicato do setor.
Para o próximo ano as perspectivas são melhores. Sperotto destacou o clima benéfico até o momento para as principais culturas no Estado e a recuperação nos preços dos grãos no mercado internacional. A estimativa da Farsul é que sejam colhidas mais de 20 milhões de toneladas de grãos na safra 2006/07 no RS.
Nas duas últimas safras houve perda de 13 milhões de toneladas em conseqüência da seca que atingiu o Estado. Ele também considerou positiva a redução de 10% na área de arroz, o que deve ajudar a elevar os preços do produto. Além disso, os custos das lavouras no Estado estão entre 15% e 20% abaixo em comparação com a safra passada.