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Produtores rechaçam atitude de frigoríficos sobre exportação do boi em pé

Nelore do Brasil e ABCZ decidem ações a favor da manutenção e abertura de novos mercados


Reunião entre os presidentes da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), realizada no dia 5 de agosto, em Uberaba (MG), decidiu ações que as duas entidades irão promover a favor da manutenção e abertura de novos mercados para exportação de gado em pé. Uma delas será a mobilização da classe de produtores em torno do assunto. A outra é a busca de apoio dos representantes dos produtores no Congresso Nacional. Recentemente, as indústrias frigoríficas e do couro encaminharam à Receita Federal proposta de sobretaxa para exportação de animais vivos.


Segundo o presidente da ABCZ, José Olavo Borges Mendes, é inadmissível qualquer tipo de imposto que venha prejudicar as exportações desses animais. José Olavo afirma que os pecuaristas não conseguem sequer respirar com o recente aumento da arroba do boi, por conta dos aumentos dos insumos e custos de produção. Agora, a movimentação dos frigoríficos em torno da criação de taxas de exportação do "boi em pé", causam arrepios aos criadores. "A verdade é que a indústria está querendo uma reserva de mercado. Os produtores precisam unir esforços para impedir esse absurdo", ressalta.

José Olavo lembra que as exportações de gado em pé são insignificantes para a indústria (1,4% em 2007), mas podem ser a única alternativa de remuneração justa para os produtores de determinadas regiões.

Para o presidente da ACNB, Vilemondes Garcia de Andrade Filho, é um grande equívoco da Associação Brasileira dos Frigoríficos (Abrafrigo) e do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) a sugestão para a Receita Federal de criação de taxa para exportação de boi vivo. "É um absurdo e inaceitável achar que a globalização deve servir apenas aos interesses de alguns. Se por um lado os pecuaristas tiveram quatro anos de preços comprimidos o que os forçou a abaterem grande parte de suas matrizes, e muitos deles, descapitalizados e diante da baixa rentabilidade do setor se viram forçados a optarem pela transformação de suas pastagens em plantações de soja, laranja, cana, eucalipto, etc. Os frigoríficos foram amplamente beneficiados com a abertura dos mercados internacionais, e capitalizados, investiram maciçamente na compra de plantas nos Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Paraguai e Austrália", comenta.


Para Vilemondes, o produtor brasileiro que ouviu todos estes anos da indústria frigorífica que o mercado é que determinava o preço da arroba do boi, se surpreende agora com seus representantes. Os frigoríficos querem a qualquer custo mantê-los cativos de suas vontades, tentando impedir que estes procurem melhores alternativas de mercado, seja no Brasil ou onde quer que exista compradores. Sugerem um precedente de interferência governamental na aplicação de uma absurda taxação que, no futuro, pode inclusive ser utilizada pelo governo contra suas próprias exportações de carne, a exemplo dos tristes acontecimentos ocorridos na Argentina. Lá o governo, para segurar os preços no mercado interno, limitou a exportação de carne e taxou exportações de produtos agrícolas, gerando por parte dos produtores rurais reação à altura e ocasionando grande instabilidade e perdas para todo o setor agrícola e pecuário daquele país. "Se os importadores pagam melhor e valorizam o gado em pé, 'sendo uma questão de mercado' que os frigoríficos os disputem pagando valores de mercado", finaliza o presidente da Nelore do Brasil. As informações são da assessoria de imprensa da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB).

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