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Produtores tentam forçar alta no milho

Suspensão das vendas tem expectativa de fazer o cereal voltar à casa dos US$ 5 por bushel, ou R$ 27 por saca


Suspensão das vendas tem expectativa de fazer o cereal voltar à casa dos US$ 5 por bushel, ou R$ 27 por saca

Os agricultores norte-americanos estavam só começando a vender a safra 2013/14 quando os preços do milho da soja assumiram a tendência atual de baixa. Tomaram uma decisão radical: saíram do mercado logo após terem comprometido 10% da safra, relatam os operadores do mercado. Desde então, somente negócios isolados vêm sendo registrados, numa estratégia coletiva para estimular reajustes sem resultados no curto prazo.


“Somente de 10% a 15% da produção de milho foram vendidos, apesar de a média para esta época ser de 35%. Na soja, o mercado caiu de 30% para 25%”, compara Dale Durchholz, analista da empresa de seguros Agrivisor na região de Bloomington, Illinois, estado que faz frente na colheita. Esses índices valem para todo o país, atestam corretores que atuam na Bolsa de Chicago.

O milho caiu abaixo de US$ 6 por bushel (R$ 32 por saca de 60 quilos) um ano atrás e segue em US$ 4,3 (R$ 23/sc) em Chicago, bem como nas cotações regionais do Corn Belt. A soja até voltou a se aproximar de US$ 14 por bushel (R$ 70/sc) entre agosto e setembro deste ano, mas agora segue valendo perto de US$ 12,7/bu (R$ 64/sc). A suspensão das vendas tenta reverter essas desvalorizações, principalmente a do milho, que foi de 28%.

A estratégia dos produtores é considerada arriscada. “O mercado avalia que há uma oferta crescente e aponta para uma perda de até US$ 2 por bushel de soja nos próximos meses, com a chegada da safra brasileira”, assinala Durchholz. Mas os produtores fazem contas e mostram-se resistentes.

“Ao patamar de US$ 3,5/bushel, eu estaria apenas empatando gastos e receitas do milho. O preço atual é muito apertado, vou esperar chegar a US$ 5/bu para vender”, afirma Dean Brunier, que planta 65 hectares de milho em Eureka (IL). Ele acredita em alta na cotação do cereal na Bolsa de Chicago até janeiro. Encerrou a colheita na última semana com marca de 13 mil quilos por hectare.

Até quando os produtores vão conseguir segurar a produção nos armazéns? Ninguém sabe exatamente. Mas o certo é que o setor está se preparando para segurar as vendas por até quatro meses.

Quem já vendeu a maior parte do milho acredita ter tomado a decisão correta, mas poucos relatam essa estratégia. Foi necessário antever as cotações atuais, conforme Scott Shellady, operador da Bolsa de Chicago que colhe 270 hectares em Dalena (IL).

Sua resposta sobre o que fez com a própria produção é direta: 100% vendidos. Mas ele assume que não tinha tanta certeza da relação atual entre oferta e demanda. Começou pela colheita da soja, que ocupa metade da área cultivada e rendeu 3,4 mil quilos por hectare (30 quilos a menos do que ele programou). Espera 11,9 mil quilos de milho por hectare, 1 mil acima das marcas que vêm sendo registradas na região.


Sua preocupação agora é para a tendência de preços em 2014/15. Segundo Shellady, o milho está muito próximo de apenas empatar os custos atualmente. “A US$ 5 por bushel, a rentabilidade fica em apenas US$ 100 por acre [R$ 90 por hectare]”, aponta. Se o preço do cereal ficar próximo de US$ 4 e o da soja a US$ 10 por bushel, confirmando a tendência de queda nas cotações apontada pela Bolsa de Chicago para os próximos meses, haverá grave recuo na receita do setor produtivo, aponta. Mas, mesmo com produção melhor que a prevista, ele considera que a força da demanda deve prevalecer.

Setor sai intrigado sobre a época do plantio

Como o milho e a soja dos Estados Unidos conseguiram atravessar tempestade de neve e excesso de chuva no plantio e seca no desenvolvimento das lavouras? A resistência das plantas onde a produtividade passa de 10 mil quilos do cereal ou 3 mil quilos da oleaginosa por hectare, normalmente ligada à força das sementes e ao manejo, passou a ser atribuída à época do plantio.

As melhores marcas estão sendo registradas nas lavouras semeadas primeiro. Com mais tempo na terra, as plantas teriam ampliado sua tolerância a problemas climáticos e capacidade de recuperação. Segundo as avaliações técnicas da Universidade Estadual de Iowa, as produtividades devem ficar próximas de 2,8 mil quilos de soja e de 9,6 mil quilos de milho por hectare graças às áreas que foram semeadas antes da neve registrada em maio.

Rentabilidade

Mesmo assim, a rentabilidade financeira é considerada apertada, diante de preços que oferecem margem equivalente a apenas R$ 1,5 por saca de milho. Terry Stoods, que planta 460 hectares em Elloworth (IL), afirma que o preço da terra (em cerca de R$ 17 mil por hectare em sua região) e do arrendamento (que representa 20% dos custos de produção) estão altos para as cotações atuais. Caso os preços sigam em baixa, o setor prevê desvalorização imobiliária nos próximo ano e contas negativas entre produtores que possuem contratos de arrendamento de cinco anos.

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