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Programa Alimento Seguro monitora lavouras de morango e tomate

A ideia é garantir ao consumidor produto com índices aceitáveis de agrotóxicos


O grande desafio da segurança alimentar no Brasil é tentar fiscalizar a aplicação de agrotóxicos, adubos e fertilizantes dentro do nível permitido em um país continental situado abaixo dos trópicos, onde o clima quente e úmido favorece a proliferação de pragas, fungos e bactérias. Morango e tomate querem deixar de ser os vilões em resíduos de agrotóxicos usados no combate às pragas, que gostam de atacar esses frutos de pele frágil, suculentos e de cor chamativa. Agora, ao escolher uma bandeja de morangos nas grandes redes de supermercados e sacolões, as donas de casa e consumidores em geral vão poder optar pelo produto que leva o selo verde e vermelho do Programa Alimento Seguro. Com o selo, vem o código específico de cada caixa de morangos. De posse da combinação de números, basta acessar a internet, no site do Sistema de Rastreamento do Fruto (Sisfrut) – www.sisfrut.com.br – para descobrir a procedência daquele fruto, quais defensivos agrícolas ele recebeu e em que quantidade, a data da colheita e até a foto do produtor no meio da plantação.

A ideia do programa, lançado no mês passado pelo Instituto Mineiro de Agricultura (IMA), é dar início ao monitoramento eletrônico do nível de resíduos de agrotóxicos e do uso de produtos não autorizados nas lavouras. O projeto ainda está na semente, mas o grupo pioneiro de 18 produtores de morango de Pouso Alegre e região, no Sul de Minas, sabe da importância de dar exemplo para o país. Minas Gerais é o primeiro produtor nacional de morango e responde por mais da metade (53,3%) da produção nacional. Na cultura de tomate, é o terceiro, comercializando 33% da produção.

Por ser piloto, o projeto ainda está no início. Na sexta-feira, seria feita uma demonstração da ideia a representantes de grandes redes de supermercados e à CeasaMinas e Ceagesp. Na terça-feira, poderá ser fechado o primeiro contrato com um hipermercado, que manifestou interesse em oferecer os produtos com selo de rastreabilidade. Além dos morangos de Pouso Alegre, estão na fila os produtores de tomate de Carmópolis de Minas e região. “Para o ano que vem, podemos abrir para a batata, cebola, a quem se candidatar”, afirma Thales Fernandes, coordenador do projeto pelo IMA. Ele estuda uma forma de abrir para os pequenos produtores por intermédio de cooperativas agrícolas.

Internamente, já se sabe que o programa dá resultados imediatos. Durante o curto período de vigência, o monitoramento eletrônico nas culturas de morango fez cair de 43% para apenas 12,1% os níveis de resíduos de agrotóxicos e do uso de produtos não autorizados identificados em 66 amostras, segundo o IMA. No tomate, os índices despencaram de 33,3% para somente 3% – isso significa que 97% dos frutos que levaram o selo Alimento Seguro usaram defensivos dentro do limite permitido, que não fazem mal à saúde.

No Alimento Seguro, o produtor só entra no programa por adesão. Ninguém é obrigado a participar. Ao se inscrever, os voluntários aceitam um aumento de custo de cerca de R$ 0,04 por bandeja de morangos, cobrado a cada selo. Os produtores que entram no sistema se comprometem a trabalhar de acordo com as boas práticas agrícolas, a controlar a aplicação de defensivos, a trabalhar dentro das normas ambientais e de higiene. “Na verdade, ele vai agregar valor ao produto com o selo e reduzir os gastos com a lavoura, ao economizar com defensivos”, afirma Amauri Passos, gerente do Sistema de Rastreamento do Fruto (Sisfrut), que trabalha em parceria com o IMA.

Segundo o Sisfrut, a redução do custo da lavoura chega a R$ 1 por pé, ao seguir a orientações dos técnicos, que se comprometem a visitar a lavoura uma vez por semana. A expectativa é de que a rentabilidade do produto atinja 10%, em média. Com o selo, Benedito Márcio de Andrade, produtor de Cambuí, município próximo a Pouso Alegre, aumentou em 5% o retorno na sua produção de morangos, revendida para São Paulo.

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