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Projeto apóia produção de palmito em 200 pequenas propriedades no PR

Um milhão de mudas de palmeira pupunha serão plantadas em Guaraqueçaba


Um milhão de mudas de palmeira pupunha serão plantadas em 200 propriedades de agricultores familiares de Guaraqueçaba, no Litoral do Paraná, a partir de setembro. O projeto reúne Emater, Secretaria de Estado da Agricultura, Banco do Brasil, prefeitura e associações de moradores de comunidades rurais em torno de um mesmo objetivo: criar uma alternativa de trabalho e renda para esses pequenos produtores e seus filhos. As primeiras colheitas de palmito devem acontecer em janeiro de 2013 e a previsão é de uma receita anual de aproximadamente R$ 2,5 milhões.


Segundo o diretor-presidente da Emater, Rubens Niederheitmann, a iniciativa segue a linha de trabalho do serviço oficial de extensão rural, que é a de investir em projetos capazes de promover o desenvolvimento rural, gerando empregos e renda para a população que mora no campo. “São ações em consonância com a realidade local e que recebem apoio em termos de assistência técnica, capacitação profissional e organização dos produtores e da produção. Recursos de programas governamentais também são alocados para o fortalecimento do projeto”, afirma.

Sebastião Bellettini, gerente regional da Emater em Paranaguá, conta que o projeto surgiu da necessidade de criar oportunidade de trabalho para os jovens filhos de agricultores, hoje com poucas perspectivas de continuar vivendo com seus pais, e também para aumentar a renda e melhorar a qualidade de vida das famílias de pequenos produtores rurais de Guaraqueçaba. “Neste trabalho, a Emater tem o compromisso de elaborar os projetos técnicos individuais e prestar orientação para a implantação e condução da cultura. O Banco do Brasil vai liberar o crédito do Pronaf, a Seab garantiu às famílias o benefício do Fundo de Aval e e a Prefeitura e as associações de agricultores atuarão na organização e mobilização dos produtores que serão atendidos”, explica.

CRÉDITO – Os agricultores devem concluir o plantio da cultura até o fim de 2012 e para isso contarão com R$ 1,2 milhão de crédito que será destinado à aquisição de mudas e do adubo orgânico. Segundo Bellettini, são recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com juros de 1% ao ano, o prazo de cinco anos para quitação dos empréstimos e três anos de carência para pagamento da primeira parcela da dívida. “São condições compatíveis com a realidade econômica e social das famílias atendidas”, afirma.

Os produtores poderão optar pelo plantio de lotes com 3 ou 5 mil plantas. No primeiro caso, o crédito para custeio ficará na casa dos R$ 5 mil e, no segundo, de R$ 8 mil. “Guaraqueçaba está numa região onde a legislação ambiental faz restrições ao desenvolvimento de práticas agrícolas convencionais. Então, essas plantações serão feitas em pequenas áreas já abertas nas propriedades”, detalha Bellettini.

A Emater estima que 18 meses após o plantio, os produtores poderão cortar 20% das palmeiras plantadas. Com dois anos, esse volume sobe para 60% e aos 30 meses o corte chega a 100%. “A colheita continua porque, ao contrário da palmeira real e da juçara, também cultivadas aqui no Litoral para produção de palmito, a palmeira pupunha produz perfilhos. Temos experiências de agricultores que há mais de 15 anos fazem a colheita, aproveitando um mesmo plantio”, conta o técnico da Emater.

VANTAGENS – Além das vantagens econômicas, Bellettini destaca que as famílias terão ouros ganhos ao optar pela cultura da pupunha: “Os produtores terão menor pressão do tempo na hora da colheita. Ao contrário da banana, por exemplo, que quando está próxima do amadurecimento deve ser retirada logo da plantação para ser enviada ao mercado, a palmeira pode esperar por mais tempo no campo para o corte, sem prejuízos”.


Para o gerente regional da Emater, o acesso ao mercado é sempre um dos principais entraves enfrentados pelos produtores que investem numa nova alternativa de produção no campo. No entanto, as condições identificadas na região mostram que esse não será o problema. “O Litoral tem onze indústrias trabalhando com a produção de conservas de palmito. O conjunto delas possui capacidade para processar, por dia, cerca de 43 mil hastes, mas opera com uma ociosidade de 50%. O mercado para a produção está garantido”, afirma.

Cada haste ou cabeça, como chamam os produtores, é vendida na região por preços que variam entre R$ 2 e R$ 2,50, o que torna o produto bastante valorizado pela indústria. “Isto porque rende bem no processamento. Cada haste produz em média 800 gramas de palmito que podem ser envasados. As condições climáticas do Litoral contribuem para esse resultado”, diz Bellettini.

Guaraqueçaba tem aproximadamente 80 famílias lidando com o cultivo de palmáceas. A área cultivada chega a 500 hectares, 70% dela ocupada com palmeira real. O projeto que começa em julho ampliará a área de cultivo em cerca de 250 hectares. A expectativa da Emater e da Secretaria da Agricultura é de levar, na seqüência, a mesma experiência para outros municípios do Litoral e para o Vale do Ribeira.

COMEÇO – As primeiras experiências da Emater e agricultores com o cultivo da palmeira pupunha para produção de palmito começaram em 1994, com 1,2 mil mudas doadas pela Unesp, de Jaboticabal.

Com elas foram instaladas cinco unidades de observações com a cultura, em Cerro Azul, Rio Branco do Sul, Guaraqueçaba, Morretes e Antonina, e uma no Iapar. Em 2000, a Emater se integrou ao trabalho de outras instituições, como a Embrapa/Florestas, Iapar e Universidades Estaduais. “A cultura que no início parecia promessa virou excelente alternativa de geração de renda para os agricultores familiares, promovendo entrada constante de receita na propriedade a partir do segundo ano de cultivo”, disse o coordenador estadual do projeto plantas potenciais, condimentares e aromáticas, da Emater Cirino Corrêa Júnior.

O Paraná tem cerca de 1,1 mil famílias de agricultores que se dedicam ao cultivo desta palmácea para produção de palmitos. As plantações estão concentradas no Litoral, Vale do Rio Ribeira e Noroeste. Nesta região, os produtores utilizam a tecnologia da irrigação por gotejamento, que dá maior segurança e aumenta a rentabilidade do negócio. A área plantada é de 3 mil hectares, com produção média anual estimada em 10,5 milhões de hastes, cotadas ao preço médio de R$2,25 cada unidade. Segundo Cirino, a atividade tem grande potencial de crescimento. “Isso porque falta produto para atender a demanda das indústrias envasadoras de palmito no estado”.

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