Mesmo com o bom desempenho da agropecuária brasileira, com produção recorde a cada ano e avanços significativos nas exportações, os produtores brasileiros ainda são muito dependentes dos recursos do crédito rural oferecido pelo governo e pelas demais instituições financeiras. A constatação é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), por meio do Projeto Conhecer, instituído desde o ano de 2000 e que, de lá para cá, busca conhecer melhor o que pensa o segmento produtivo rural sobre vários temas ligados à atividade.
Este ano, a pesquisa envolveu 29.862 produtores de todos os Estados brasileiros, que responderam questionamentos sobre plano agrícola e pecuário 2003/04, invasões de terras, reformas da Previdência, Tributária e Trabalhista, rastreabilidade bovina e programa de qualidade do leite. De todo o universo pesquisado, apenas 13% disseram não precisar de recursos do crédito agrícola para financiar a produção. Outros 62% disseram que financiam a produção com esse dinheiro e 25% não financiam porque encontram dificuldades em contratar o crédito.
Dado ainda mais relevante é que 87% dos produtores entrevistados têm interesse em aumentar o uso de recursos financiados à taxa de 8,75% ao ano, mas o dinheiro não atende a todas as suas necessidades. Segundo o levantamento, 69% dos produtores conseguem menos da metade dos recursos financiados com taxa de 8,75% ao ano. Mais ainda: 54% financiam apenas 30% do total de recursos necessários com taxa de 8,75% ao ano. No que tange aos financiamentos, os produtores apontam grandes dificuldades em obtê-los. Em média, para cada duas solicitações, uma é negada. A linha de crédito mais aceita é o Moderfrota, com 56% de sucesso na concessão.
Sobre a reforma tributária, apenas 4% dos produtores consideram que ela atende satisfatoriamente os problemas relacionados à tributação da produção. A grande maioria (64%) entende que a reforma representa algum avanço, mas não significa redução da carga de impostos que recai sobre o segmento produtivo rural. Sobre as relações de trabalho, os agropecuaristas entendem que nos moldes atuais, elas são muito onerosas e complicadas, prejudicando a formalização do emprego no campo.
Previdência
Sobre a reforma da Previdência, 73% dos produtores consultados acreditam que as alterações propostas (cobrança dos inativos e mudanças nas aposentadorias do servidor público) podem beneficiar de alguma forma suas vidas, pois assim o governo disporá de mais recursos para investir na agropecuária, saúde, segurança e outras áreas.
Outro item investigado pela CNA é quanto ao problemas das invasões de terras. A maioria (58%) dos consultados disse que não reagiria com uso da força em uma suposta invasão de sua propriedade. Para esses produtores, a solução seria a comunicação do fato à autoridade policial e judicial. Isso mostra que o setor produtivo rural não está se preparando ou se armando para combater as invasões. Do total ouvido, 29% disseram que reagiria com o uso da força e outros 13% disseram não saber. Mas há um dado que chama atenção: 50% disseram não confiar no Executivo de seu Estado para cumprir as determinações de reintegração de posse.
Sobre rastreabilidade bovina, 57% disseram conhecer apenas parte do processo, enquanto 21% disseram conhecer o sistema completamente. Outros 22% responderam que não conhecem. Esse porcentual, somado aos que conhecem parcialmente, mostra que ainda há muitas dúvidas sobre a rastreabilidade bovina. Indagados sobre se pretendem implementar a rastreabilidade nos seus rebanhos, 47% disseram que sim (em todo o rebanho), 29% que sim, mas apenas em parte do rebanho e outros 24% disseram que não, embora 75% considerem o processo importante para o avanço da pecuária.
Sobre o Programa de Melhoria da Qualidade do Leite, os entrevistados demonstraram algo grau de informação e afirmam que precisam se ajustar às normas e exigências contidas no mesmo. Dos pecuaristas de leite, 81% conhecem todo ou parte do programa. Contudo, 58% deles disseram que não se enquadram ou se enquadram parcialmente. Como medidas ao estímulo da produção de leite e melhoria da renda do produtor, 22% dos consultados recomendaram o crédito com juros prefixados e 20% sugeriram a adoção de um programa de incentivo ao consumo de leite.
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