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Protagonismo das mulheres rurais de Sete de Setembro recebe evidência

O trabalho produtivo nas propriedades rurais, assim como a gestão, conta com o envolvimento de mulheres


Foto: Divulgação

O trabalho produtivo nas propriedades rurais, assim como a gestão, conta com o envolvimento de mulheres. Elas também assumem um papel importante na promoção da segurança e da soberania alimentar, da saúde e na organização comunitária, de modo especial neste período de distanciamento social. No município de Sete de Setembro, espaços de interação virtual, estimulados pela Emater/RS-Ascar, têm dado visibilidade ao protagonismo das mulheres em propriedades rurais, através do envio de materiais que incentivam a troca de experiências, resgate de autoestima e construção de conhecimento.

O estímulo ao protagonismo das mulheres na propriedade rural, seja na produção, gestão ou comercialização e na promoção do bem-estar, assim como na participação em diferentes espaços sociais, é justamente uma das ações da Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) desenvolvida pela Emater/RS-Ascar, em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr).

Moradora do Rincão dos Donatos Pascoaline, a agricultora Lisete Claudete Lodetti, de 41 anos, e sua família seguem dedicando-se às atividades leiteira e de cultivo de grãos, bem como à produção de alimentos para autoconsumo. Mesmo com a adoção das precauções necessárias em função da pandemia da Covid-19, o trabalho no campo não para.

Na propriedade, vivem Lisete, o marido Cleto André Lodett, e os três filhos Éder, Ellen e Evelen. Um dos aspectos mais importantes da sucessão familiar é o compartilhamento de tarefas no dia-a-dia. Lisete fica responsável pela ordenha das vacas e pelo trabalho doméstico, contando com a ajuda das filhas no turno inverso ao das aulas. O trabalho na lavoura é feito pelo esposo e pelo filho.

A vocação na agricultura vem de gerações. Escolhi ser agricultora porque meus pais já eram agricultores e eu ajudava eles nas tarefas diárias, aí eu segui seus ensinamentos e procuro repassar para meus filhos, afirma Lisete.

Vera Lucia Moraes da Silva Manikowski, da Linha Boa Vista, também seguiu a vocação da família, uma vez que é filha de agricultores. Na propriedade em que vive com o marido, Márcio, e a filha Manoela, dedica-se à atividade leiteira, sendo que possuem milho para silagem e pastagem, além de produzirem alimentos para consumo próprio. Os dois trabalham juntos. Quando meu marido está na lavoura, eu começo na lida da ordenha e depois ele chega e terminamos juntos, enquanto isso, nossa filha fica com a vó Olga, que mora perto, comenta Vera.

O interesse pela agricultura também é compartilhado por outras mulheres de Sete de Setembro. Marli Maria Copetti, de 55 anos, mora na localidade de Linha Barreira desde que nasceu. Na propriedade são criados gado de corte, suínos, aves, hortaliças e alimentos para autoconsumo. As atividades geralmente são capitaneadas por Marli, uma vez que Sérgio, seu esposo, é caminhoneiro. Aline, uma das filhas, trabalha na cidade, o outro filho, André, está estudando Medicina Veterinária. Já Alanna, a filha mais nova, de 14 anos, estuda e auxilia nas tarefas do dia-a-dia quando possível. Vive também na propriedade a mãe de Marli, hoje com 88 anos.

Marli revela que o gosto pela agricultura transcende gerações de sua família. Vem do meu avô, depois meu pai e agora eu. E se der certo meu filho ficará também na propriedade, após se formar, qualificando a suinocultura, comenta. O fato de ter nascido em uma família de agricultores influenciou diretamente na decisão de seguir a profissão. Fiz Magistério, mas acabei não exercendo minha profissão. Eu gosto de viver no interior e de lidar na agricultura, ter minhas coisas e a sustentabilidade familiar, afirma a agricultora.

Interação social

Ao longo dos últimos meses, diversos materiais de cunho técnico e social foram compartilhados com agricultoras assistidas pela Emater/RS-Ascar. Na interação entre os grupos, há troca de experiências sobre os cuidados com a saúde, formas de conservação de alimentos, ações solidárias e desenvolvimento das atividades na propriedade. Foi uma forma de seguir os encontros entre as participantes dos grupos de mulheres, que aconteciam periodicamente, agora, de forma virtual. A nossa extensionista da Emater está dando dicas e receitas pelo WhatsApp e até reuniões estamos tendo através de plataformas digitais, relata Lisete.

Marli, que é a atual presidente do clube de mães da comunidade de Linha Barreira, também destaca que em tempos de pandemia, os encontros têm sido virtuais, com a participação da extensionista social da Emater/RS-Ascar, Jacinta Henckes. Participar do grupo de mulheres é muito bom e gratificante, porque aprendemos artesanatos, receitas, formas de cuidar da saúde, como cultivar a nossa horta, além da convivência que temos, isso faz muito bem, apesar de que sentimos saudades dos nossos encontros presenciais, comenta.

Vera, da linha Boa Vista, também percebe o clube de mães do qual participa como uma forma de desenvolver trabalhos em grupo e permitir a vivência comunitária e a construção de laços de amizades.

Segundo a extensionista social da Emater/RS-Ascar, Jacinta Henckes, existem dez grupos de mulheres em Sete de Setembro, por meio dos quais são atendidas em torno de 150 mulheres.

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