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Protocolo de Kyoto entra hoje em vigor


O Protocolo de Kyoto entrou em vigor nesta quarta-feira (16-02), com o objetivo de conter o aquecimento do planeta. Os 141 países que ratificaram o tratado se comprometeram a reduzir as emissões de gases poluentes que produzem em 5,2% até 2012. O ano de referência é 1990, ou seja, as reduções devem levar em conta aquele ano, e não 2005.

A meta é considerada insuficiente pela maioria dos cientistas que acreditam na redução da poluição como forma de controlar as mudanças climáticas – eles alegam que seriam necessárias reduções de 60% para que os efeitos sobre o clima fosem significativos.

O próprio diretor do Programa de Meio Ambiente da ONU, Klaus Toepfer, disse que Kyoto é apenas um "primeiro passo" no combate ao aquecimento global. O tratado entra em vigor 90 dias depois de a Rússia ter decidido ratificá-lo. A adesão russa era vital para o protocolo, que só poderia ter validade legal quando reunisse os responsáveis por pelo menos 55% da poluição mundial.

No entanto, os Estados Unidos – maiores poluidores do planeta – e a Austrália se recusaram a ratificar o documento, alegando que as suas economias seriam prejudicadas se o fizessem.

Reiterando as críticas do governo americano à iniciativa, o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan disse que os benefícios de longo prazo do protocolo não compensarão os sacrifícios econômicos imediatos.

Metas só para os ricos

Washington também critica o fato de apenas os países industrializados, cerca de 30 dos 141, terem o compromisso legal de atingir as metas de redução – que variam de acordo com o país.

Nações em desenvolvimento, incluindo o Brasil, não têm de se comprometer com uma meta específica.

Dessa forma, apesar de terem ratificado o tratado, países como a China e a Índia não têm obrigação de reduzir as suas emissões.

"Os países fora do tratado dizem que vão tomar medidas próprias (para controlar as emissões) mas eu me pergunto se elas podem funcionar", afirmou o ministro do Exterior do Japão, Nobutaka Machimura, também insatisfeito com os critérios.

Por outro lado, sucessivas negociações para atrair mais países para o tratado foram enfraquecendo os termos do tratado, como informa a correspondente da BBC Elizabeth Blunt.

Manifestações

Grupos ambientalistas planejam manifestações no mundo inteiro para marcar o início do tratado, que entrou oficialmente em vigor às 3h de Brasília.

Mas a principal cerimônia deverá em Kyoto, onde os países chegaram a um acordo sobre os termos do tratado, em 1997.

Entre os palestrantes, estará a vice-ministra do Meio Ambiente do Quênia e prêmio Nobel da Paz, Wangari Maathai, para quem os esforços para o controle de mudanças climáticas terão de envolver mudanças no dia-a-dia das pessoas.

"Uma das razões pelas quais os países não apóiam o Protocolo de Kyoto é exatamente porque eles não querem reduzir o seu padrão de superconsumo."

"Uma forma de reduzir o superconsumo é aprender a reutilizar muitos dos recursos que nós usamos e depois simplesmente jogamos fora", acrescentou Maathai.

No entanto, mesmo os países que ratificaram Kyoto terão dificuldades para atingir as metas.

O Canadá, um dos primeiros a aderir, não tem uma estratégia clara de como cortar as suas emissões. De fato, ao invés de cair, as emissões do país aumentaram 20% em relação a 1990.

O Japão também não sabe como vai atingir a sua meta de reduzir as emisssões em 6%, embora tenha se comprometido a "fazer todos os esforços para respeitar as regras do protocolo".

A Europa conseguiu reduzir as suas emissões nos últimos anos substituindo o carvão pelo mais ecológico gás natural para gerar eletricidade, mas os benefícios dessa mudança já estão se esgotando.

Como informa o correspondente da BBC Roland Pease, as opções são limitadas. Fontes de energia renovável podem responder, ao menos inicialmente, por apenas uma parte do fornecimento.

A energia nuclear é uma alternativa de produção em grande escala, sem uso de combustíveis fósseis, mas, como diz Pease, o aumento do seu uso seria politicamente inaceitável.

Segundo o correspondente, o Protocolo de Kyoto deve ser interpretado como um ensaio de medidas mais fortes e de longo prazo que muitos cientistas recomendam para combater as mudanças climáticas.

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