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Qual é a expectativa de preços do feijão até o final do ano?

Balanço doméstico de oferta e demanda do feijão


Foto: Pixabay

A procura da leguminosa pelas famílias brasileiras em busca de estocagem, além de mais tempo no preparo de alimentos nos lares ao longo da pandemia elevou demanda do produto, que em 2020, por exemplo, cresceu 10% segundo a IBRAFE (Instituto Brasileiro de Feijões e Pulses). Adicionalmente à procura interna, os preços do feijão ganharam competividade no mercado internacional na esteira do câmbio doméstico enfraquecido impulsionando um resultado recorde para o setor. Entre janeiro e julho foram exportadas 104 mil toneladas de feijões, aumento de 107% frente ao ano anterior, e com preços médios praticados no período 8,8% acima do realizado em 2020, puxado pelas compras de Índia e Vietnã.

A exportação, embora pouco representativo em relação ao total produzido, contribuiu para reduzir a disponibilidade do produto no mercado interno. Do lado da oferta, houve redução da produção da leguminosa causado pelo atraso na janela de plantio nas principais regiões, bem  como, a falta de chuvas enfrentada pelas lavouras na 1ª e 2ª safra. E apesar de a 3ª safra ser majoritariamente irrigada, as geadas não pouparam os campos de feijões. Ainda é cedo para quantificar as perdas e a qualidade da leguminosa que será comercializada em algumas semanas, contudo é bastante provável que a disponibilidade do grão no mercado interno será prejudicada. Até o momento, a CONAB prevê uma queda de 6,6% da produção total de feijões na safra 2020/21, em função das penalizações nos principais estados produtores (PR e MG) nas três safras Diante desse cenário de demanda aquecida e oferta limitada, a safra 2020/21, que caminha para o fim em algumas semanas, é projetada para ter uma relação estoque/consumo abaixo de 5%, sustentando os preços em níveis elevados.

Para exemplificar o panorama das cotações, no Paraná, em agosto, a saca ao produtor foi comercializada à R$ 260,5, 36,6% acima do praticado há um ano e 7% mais alto em relação ao mês anterior. Expectativa de preços até o final do ano A nossa visão é que os preços se manterão sustentados até o final do ano com chegada da oferta da 1ª safra. Baixas mais significativas nesse período tendem a estar mais condicionadas à uma apreciação cambial. Além disso, para os próximos meses, produtores poderão disponibilizar mais lentamente o produto ao mercado em busca de preços melhores diante da menor produção (movimento semelhante ao que ocorreu no mercado de milho).

Outro fator a considerar é o risco climático ao longo da próxima safra de verão, que pode afetar a oferta e apertar ainda mais o balanço doméstico. Vale destacar que a previsão para os próximos meses indica a influência de La Niña, podendo haver estiagem nas regiões produtoras. Além disso, é possível ocorrer uma redução de área plantada de feijão, uma vez que outras culturas, como milho, soja e outros
pulses, podem apresentar melhores margens para a próxima safra. Vale chamar a atenção também para o momento do mercado de insumos, como fertilizantes e sementes. Para os fertilizantes,além dos elevados preços internacionais, as filas de espera nos  portos podem atrasar o recebimento da matéria prima dentro da porteira. Já para as sementes, a oferta pode ser limitada em função das perdas geradas pelas secas e geadas, o que poderá afetar a qualidade, elevando o custo do insumo.

análise consultoria Agro Itaú.

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