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Qualidade ambiental na aviação agrícola em roteiro pelo País

Dia de campo do CAS em Regente Feijó/SP, foi o primeiro de oito eventos que ocorrerão até o final do ano


As boas práticas aeroagrícolas foram o foco de um encontro na manhã dessa terça-feira (26.01), em Regente Feijó (a 12 quilômetros de Presidente Prudente, São Paulo). O dia de campo do programa Certificação Aeroagrícola Sustentável (CAS) reuniu 98 pessoas no Aeropark Clube de Voo Desportivo José Martins da Silva (Rodovia Raposo Tavares, km 555). A programação teve palestras sobre influência das condições climáticas e das tecnologias no controle de deriva e sobre o CAS.

O público abrangeu produtores e empresários do setor sucro-alcooleiro, operadores aeroagrícolas, policiais de delegacias e unidades de Polícia Ambiental da região e representantes de prefeituras. O evento marcou a arrancada de uma série de dias de campo que deve percorrer o País este ano. A promoção é do CAS, com apoio da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF) e do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (CAS).

O programa de certificação é mantido pela Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais (FEPAF), em parceria com três universidades públicas: a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FCA/UNESP-Botucatu) e as universidades federais de Lavras (UFLA) e de Uberlândia (UFU), ambas de Minas Gerais.

MERCADO
Conforme o professor Ulisses Rocha Antuniassi, da UNESP-Botucatu, o CAS já abrange 35% das empresas aeroagrícolas e vem se tornando uma exigência do próprio mercado, o que está dando um impulso ainda maior à iniciativa. “A maior concentração de empresas certificadas está em Goiás, com 60% das empresas, e São Paulo, com 55%. Puxado principalmente pelas usinas de açúcar, que são o setor que mais está exigindo a qualificação” Antuniassi lembra também que a iniciativa é inédita no mundo. “Os maiores mercados de aviação agrícola hoje são os Estados Unidos, Brasil, Austrália, a África e Argentina. E nenhum dos outros países têm uma iniciativa semelhante ao programa de certificação brasileiro”, sublinha.  

A programação de dias de campo do CAS prevê mais sete encontros pelo País, em locais e datas que ainda devem ser definidos. Conforme o gerente de Educação e Treinamento da ANDEF, Fábio Kagi, o objetivo da ação é levar a aviação agrícola para mais perto da sociedade. “Jornalistas, autoridade e as pessoas em geral não conhecem a realidade do setor e não têm nem ideia de sua importância e segurança. E para mostrar seu potencial que estamos fazendo esse roteiro”.

BOA IMAGEM
Para o SINDAG, o CAS é importante também para a própria defesa dos interesses da aviação agrícola brasileira. “Trata-se de uma ação que, além do aprimoramento técnico, tem um potencial de boa imagem muito grande. Por isso estamos apoiando a iniciativa e estamos tão empenhados em sua divulgação. Inclusive com a meta de que, até 2018, todas as empresas associadas tenham o selo de qualidade ambiental.”

Colle também ressalta que o sindicato aeroagrícola deve iniciar em março uma ação paralela, voltada para os operadores do setor. “Teremos 10 encontros do projeto SINDAG na Estrada, onde pretendemos conversar com empresas sócias e não-sócias de todo o País.” A ideia é falar sobre temas como gestão de imagem, o trabalho do SINDAG e o próprio CAS, além de ouvir demandas dos operadores.

FROTA
Com pouco mais de 2 mil aeronaves (segundo dados da ANAC), o Brasil tem a segunda maior frota de aviação agrícola do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. No ranking brasileiro, São Paulo está em terceiro, com 287 aviões, atrás do Mato Grosso (467 aviões) e do Rio Grande do Sul (420).

Mesmo assim, o setor é responsável por entre 25% e 30% das pulverizações de defensivos do País. E é o único meio de pulverização com legislação própria e fiscalizado por pelo menos cinco órgãos (Ministério da Agricultura, ANAC, IBAMA, órgãos ambientais dos Estados, Ministério Público e outros).

Para operar, além dos registros no MAPA e ANAC, cada empresa precisa, por exemplo, um engenheiro agrônomo responsável e, na equipe de terra durante as operações, pelo menos um técnico agrícola, todos com especialização em operações aeroagrícolas. No caso do piloto, o profissional precisa primeiro obter a licença de Piloto Privado, para depois fazer o curso de Piloto Comercial (que o habilitaria a trabalhar em companhias aéreas) para, depois de completar 370 horas de voo, poder se matricular no curso de piloto agrícola.

Cada empresa aeroagrícola precisa ter também em suas instalações um pátio de descontaminação, onde as aeronaves são lavadas e eventuais resíduos vão para um sistema de tratamento de efluentes (regra que não vale, por exemplo, para equipamentos terrestres, que utilizam os mesmos produtos).

Além da pulverização em lavouras, a aviação agrícola também é usada para aplicação de fertilizantes, na semeadura de pastagens e no trato de florestas. Sem falar nas operações de combate a incêndios florestais.

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