A instabilidade na cadeia pecuária de Mato Grosso está impondo forte retração nos negócios entre produtores e indústria. Alguns chegaram a contabilizar queda de até 90% nas vendas para os frigoríficos, como é o caso do pecuarista Jorge Basílio, com fazendas no município de Juína (750 quilômetros ao noroeste de Cuiabá).
“Depois que o Independência fechou sua planta, fiquei sem opção para vender meu gado”, disse, acrescentando que outros pecuaristas da região também estão em situação idêntica. “Muitos estão fazendo contatos com o Marfrig, de Tangará, que fica a mais de 500 quilômetros da nossa região”.
Mauro Mendonça, pecuarista na região de Pontes e Lacerda (448 quilômetros ao oeste de Cuiabá), conta que reduziu suas vendas em mais de 80% nas últimas semanas. “Só estou vendendo o mínimo, para pagar as despesas”. Mendonça diz que chegou a vender 800 cabeças e agora não vendeu nem 200. “Não sabemos para quem vender, temos poucas opções”.
O pecuarista Rodolfo Gomes da Silva, de Poconé (104 quilômetros ao sul de Cuiabá), foi outro que também reduziu drasticamente suas vendas à indústria. “Minhas vendas são bem controladas e só negocio com frigoríficos que não estão apresentando problemas”.
PRESSÃO - Outro fator que, segundo ele, tem contribuído para a desaceleração das vendas são os baixos preços da arroba. “Já chegaram a me ofertar até R$ 61 pela arroba da vaca, no pagamento à vista. Mas, temos de negociar com os pés no chão”, disse o produtor.
Carlos Moreno, pecuarista em Santo Antônio de Leverger (34 quilômetros ao sul de Cuiabá), também está atento à situação do mercado. “Na verdade há uma preocupação generalizada dos produtores. Reduzi minhas vendas em 50% e aguardo o quadro melhorar para ampliar o volume de negócios com os frigoríficos”, diz.
