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Rebanho do Mato Grosso cai pela primeira vez em 27 anos

A queda chega a 2,56%, de 26,1 milhões em 2005 para 25,8 milhões no ano passado


Depois de registrar índices de crescimento consecutivos entre 10% e 12% desde 1980 em seu rebanho, Mato Grosso apresentou pela primeira vez em 27 anos um recuo em seu plantel de bovinos. Os números que apontam queda de 2,56% no rebanho estadual, que caiu de 26,17 milhões em 2005 para 25,84 milhões no ano passado, foram divulgados ontem (16-01) pelo Instituto de Defesa Agropecuária (Indea). Das 12 regiões que compreendem o circuito pecuário do Estado, apenas duas -- São Félix do Araguaia e Juína -- apresentaram crescimento em seu rebanho. As demais apresentaram queda na população de bovinos.

Os números, apesar de preocupantes para o setor, não chegaram a surpreender os produtores. “A retração no rebanho é preocupante e reflete o empobrecimento do pecuarista. Mas já esperávamos por esta queda porque a situação estava insustentável e fomos obrigados a matar mais vacas para bancar os custos da invernada”, afirma o diretor executivo da Associação de Produtores Rurais de Mato Grosso (APR), Paulo Resende.

Segundo ele, há alguns anos o pecuarista mato-grossense vendia vaca de descarte, os machos e uma parcela das bezerras (em torno de 30%). “Com as quedas bruscas no preço da arroba do boi, o pecuarista começou a entrar em seu plantel e vender matrizes”.

Resende conta que este processo de descarte de matrizes “começou timidamente em 2003” e foi evoluindo gradativamente ano a ano. “Em 2006, a crise desabou sobre a pecuária e tivemos uma forte evolução no abate de fêmeas. A conseqüência deste processo está sendo a drástica redução dos plantéis”.

Ele lembra que a “defasagem monstruosa de preços” que a carne sofreu nos últimos quatro anos. “Os preços da arroba, que já chegaram a R$ 60 em 2003, caíram para R$ 46 no ano passado e hoje estão em R$ 48, um dos índices mais baixos da história”.

Segundo o presidente da Associação dos Criadores do Estado (Acrimat), Jorge Pires de Miranda, a queda do rebanho bovino é o reflexo da crise que a pecuária está vivendo. “Tivemos uma forte inibição na abertura de áreas de pastagens e o abate de fêmeas foi algo assustador”.

De acordo com Jorge Pires, a venda de matrizes para abate atingiu o percentual de 50%, quando a média nacional está no patamar de 30%.

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