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Receita do setor de máquinas recua, setor terá reunião com governo

Querem medidas para reindustrializar o setor


SÃO PAULO - O setor de máquinas e equipamentos sofreu em agosto nova queda no faturamento bruto na comparação anual e representantes da entidade devem se reunir na próxima semana com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, para discutir medidas de apoio à produção nacional.


A indústria teve queda de 2,1 por cento na receita bruta no mês passado, a 7,266 bilhões de reais, informou nesta quarta-feira a associação que representa o setor, Abimaq.

O recuo ocorreu apesar de um crescimento de 8,8 por cento no consumo aparente -- produção nacional mais importações menos exportações - para 10,653 bilhões de reais, largamente puxado por aumento das compras no exterior.

"Temos reunião marcada com o ministro (Fernando) Pimentel sobre uma agenda emergencial. Não dá para esperarmos 2015 para tomarmos medidas para se reindustrializar o setor", disse o diretor-secretário da Abimaq, Carlos Pastoriza, a jornalistas.

Ele evitou detalhar os assuntos que a Abimaq deve tratar com o ministro. Apesar disso, comentou que entre as sugestões da entidade para incentivar o setor, que tem visto a carteira de pedidos encolher desde 2010, está um programa que troca parte de dívidas com o governo federal por investimentos.

Chamado de Refis Investimento, o programa que deve ser analisado pelo governo até o início de 2014, permitiria que empresas que devem ao governo federal acessem financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para modernizarem seus parques fabris, segundo Pastoriza.

"Não seria renúncia fiscal, porque é uma receita que o governo já não estava recebendo mesmo", disse. "A empresa devedora sairia assim de um círculo vicioso e entraria em um virtuoso, porque parte da dívida iria para modernização, melhorando a competitividade", acrescentou.

Segundo ele, se o programa for implantado, o volume de desembolsos do BNDES para a aquisição de máquinas e equipamentos no país poderia pelo menos dobrar ante os 19 bilhões de reais concedidos de janeiro a julho deste ano.

Além do Refis Investimento, outra proposta da Abimaq é a criação de um programa de incentivo à produção nacional de máquinas e equipamentos apoiado em desoneração de impostos sobre o setor. Mas este programa, chamado pela entidade de Inovar-Maq, esbarra na atual situação fiscal do governo, que tem evitado conceder novas desonerações.


AGOSTO

A indústria brasileira de máquinas encerrou agosto com uso de capacidade instalada de 77 por cento, 8 por cento maior do que o número revisado de igual etapa de 2012, mas a carteira de pedidos encolheu 16,2 por cento, pressionada pelo segmento de bens sob encomenda.

O segmento, que trabalha com máquinas e equipamentos projetados para usos específicos, tem sofrido com a lentidão dos investimentos em infraestrutura e energia. A carteira de bens sob encomenda encerrou agosto com pedidos equivalentes a 6 meses, nível abaixo do ideal, de um ano, segundo a Abimaq.

O déficit comercial do setor (excedente das importações em relação às exportações) em agosto foi de 1,473 bilhão de dólares, alta anual de 17 por cento. Nos oito primeiros meses do ano, o déficit do setor ficou em 13,851 bilhões de dólares, 20,2 por cento mais que um ano antes.

O déficit de agosto foi resultado de importações de 2,722 bilhões de dólares --6,7 por cento maiores que um ano antes-- e exportações de 1,249 bilhão de dólares, queda de 3,2 por cento na mesma comparação. (Por Alberto Alerigi Jr.)

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