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Recuo de 8% na safra de soja do MT não abala agricultores

A queda é reflexo da redução de área em razão do endividamento do setor


Em Mato Grosso, a safra de soja deverá ser 8% menor em 2007 - reflexo da redução de área provocada pelo endividamento dos produtores. Mas quem continuou investindo na cultura está otimista. O agricultor Luís Scapucin, por exemplo, negociou 55% da safra alguns meses atrás: fechou a US$ 10 a saca. "Foi um bom negócio e há uma parte ainda para ser negociada. Dá para tentar aproveitar melhores momentos", ele diz.

No Paraná, a situação da soja é diferente da de Mato Grosso. No Estado, a área de soja teve um aumento pequeno, de apenas 1%, e a produtividade promete elevar bastante a produção paranaense. Nesta safra, os produtores esperam colher 11,5 milhões de toneladas de soja, 23% a mais do que na safra passada, quando muitos tiveram problemas com a seca. Mas agora com o tempo bom e as lavouras bonitas, a colheita promete render. "Este ano a chuva está em quantidade muito boa, a gente está tendo sorte", afirma o agricultor João Luís Ferri.

Na Cooperativa de Campo Mourão, o volume de negócios está bem maior do que no ano passado. "O cooperado desta vez, avaliando a safra passada para essa, ele se antecipou na comercialização, fez 10% da safra em venda antecipada, garantindo receita para a cobertura dos custos. Isso também proporcionou uma receita maior porque pegou bons preços", avalia o superintendente comercial da Coamo, Alcir Goldoni.

Em todo o país, a previsão é boa. A nova safra de soja deve render cerca de 55 milhões de toneladas, um pouco acima da safra 2006. O Brasil tem a segunda maior produção do mundo, que hoje tem um mercado que pode ser considerado equilibrado para a soja. Mas nas bolsas internacionais, o que está influenciando no preço da soja são outras commodities, outros grãos produzidos no mundo, como o milho.

Minas Gerais

O agricultor Hérsio Mori não quis arriscar com a soja neste ano. Na propriedade dele em Patrocínio, Minas Gerais, os 162 hectares foram ocupados com milho. No ano passado, mais de 70% da área tinha soja. A produção ainda não foi negociada. "A gente teve oportunidade de venda futura, mas nós preferimos aguardar e esperar a colheita para vendermos com preço melhor", disse Mori.

A safra brasileira será de 34 milhões de toneladas, o que representa 5% da produção mundial, que este ano deverá chegar a 687 milhões de toneladas. Os Estados Unidos, que são os maiores produtores do grão, com 39% desse total, nos últimos anos vêm utilizando o milho também na fabricação de combustível e, com isso, consumindo seus estoques.

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, no ano 2000 o consumo de milho era de 198 milhões de toneladas e os estoques somavam 102 milhões. Para 2007, a previsão de consumo sobe para 241 milhões de toneladas e os estoques devem ficar em apenas 19 milhões, os menores desde 1996.

Por conta deste cenário internacional, o preço do milho aumentou: na região de Patrocínio, Minas Gerais, quem ainda tem o produto estocado conseguiu vender nesta semana a saca por até R$ 26. No mesmo período do ano passado, valia R$ 16.

São Paulo

Para entender melhor o que está acontecendo com o mercado de milho, o Globo Rural esteve com Roberto Rodrigues, que depois de quatro anos à frente do Ministério da Agricultura, passou a coordenar o Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas, que estuda tendências de diversos produtos da agropecuária brasileira – dentre eles, o milho.

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