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Recuo nas cotações do trigo

Recuo nos preços se deve a entrada do trigo de inverno no mercado estadunidense


Foto: Marcel Oliveira

As cotações do trigo em Chicago recuaram nesta semana, após ensaiarem uma pequena recuperação. Com isso, o bushel se distanciou um pouco mais dos US$ 5,00, fechando a quinta-feira (18), no primeiro mês cotado, em US$ 4,83, contra US$ 4,99 uma semana antes. A atual cotação do cereal é a mais baixa desde o final de setembro de 2019.

Análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA

O recuo nos preços se deve a entrada do trigo de inverno no mercado estadunidense e o consequente posicionamento vendido dos Fundos especulativos em Chicago em relação aos contratos do cereal. No primeiro caso, o trigo de inverno, até o dia 14/06, estava colhido em 15% da área semeada, ficando exatamente dentro da média histórica para o período. Já as condições das lavouras a colher apresentavam 51% entre boas a excelentes; 30% regulares e 19% entre ruins a muito ruins. Por outro lado, o trigo de primavera apresentava 82% das lavouras entre boas a excelentes, 17% regulares e 1% ruins. Quanto ao comportamento dos Fundos especulativos, suas posições líquidas vendidas, até a semana encerrada em 09/06, haviam crescido 125%, pressionando para baixo as cotações desde então.

Na Argentina o mercado segue relativamente estável, porém, com viés de baixa devido a decisão do governo local de travar parcialmente suas exportações, visando abastecer o mercado interno, às voltas com forte inflação. Entretanto, o governo argentino liberou as vendas do cereal para o Brasil, acalmando um pouco a pressão sobre o mercado brasileiro. Por outro lado, o governo brasileiro prorrogou o prazo de importação do produto com origem fora do Mercosul, favorecendo o setor industrial, pressionado pela pouca oferta nacional e pelos altos preços de importação devido ao câmbio.

Tem temperado este nervosismo o fato de o clima estar positivo para as lavouras tritícolas do sul do Brasil. A semeadura do cereal caminha para o final e a Conab, em seu último levantamento, espera um total de 2,18 milhões de hectares semeados no país, ou seja, 6,7% acima do ano anterior, embora nas principais regiões produtoras a tendência é que o aumento de área venha bem maior. A produção total oficial ainda está na projeção de 5,7 milhões de toneladas, porém, se o clima ajudar a mesma também poderá ser maior. Tanto é verdade que no Rio Grande do Sul, onde as duas últimas safras do cereal foram frustradas e a última safra de verão registrou perdas ao redor de 50%, a tendência é de um plantio alcançando 915.710 hectares de trigo, superando em muito as projeções anteriores. Isso representa um crescimento de 20,3% na área semeada. Será a maior área com trigo desde 2014 no Estado gaúcho. A produção final poderá chegar a 2,19 milhões de toneladas, a partir de uma produtividade média esperada de 40 sacos/hectare (tomando-se como referência a produtividade média histórica),segundo a Emater e a Fecoagro. Porém, em o clima ajudando de forma geral as regiões de produção do Estado, o volume a ser colhido poderá chegar a 2,5 milhões de toneladas.

Já no Paraná, o volume esperado na futura colheita é de 3,5 milhões de toneladas. Nestas condições, e considerando os demais Estados produtores, a safra brasileira pode muito bem alcançar as 6 milhões de toneladas de trigo neste ano. A partir de agora é o clima que definirá se isso realmente se concretizará. Em termos de preço, a semana fechou com a média gaúcha no balcão valendo R$ 53,27/saco, enquanto no Paraná as principais regiões produtoras registraram R$ 58,00/saco. Em relação à semana passada, o preço médio gaúcho avançou 1,6%, enquanto o paranaense ficou estável. Já em Santa Catarina, a região de Palma Sola registrou R$ 56,00/saco.

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