CI

Recuperação nas cotações de soja em Chicago

Exportações líquidas estadunidenses de soja, para o ano comercial 2019/20


Foto: Nadia Borges

As cotações da soja em Chicago se recuperaram um pouco durante esta semana, porém, não se sustentaram e na quinta-feira (21) voltaram a recuar, fechando em US$ 8,35/bushel para o primeiro mês cotado, ficando no mesmo nível ddo fechamento da semana anterior. Lembrando que este primeiro mês, naquela Bolsa, passou a ser julho.

Análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos do Mercado Agropecuário.

As exportações líquidas estadunidenses de soja, para o ano comercial 2019/20, iniciado em 1º de setembro do ano passado, somaram 655.500 toneladas na semana encerrada em 7 de maio, representando uma alta de 13% sobre a média das quatro semanas anteriores, sendo que a China foi o maior comprador. Já para o ano 2020/21 as vendas externas somaram 440.000 toneladas. Com isso, a soma dos dois anos ficou dentro das expectativas do mercado.

Outro fator que auxiliou na melhoria das cotações foi o aumento no esmagamento de soja nos EUA. Segundo a Associação Norte-Americana dos Processadores de Óleos Vegetais (NOPA), foram esmagadas 4,67 milhões de toneladas de soja em abril, contra 4,94 milhões em março, porém, acima das 4,64 milhões esperadas pelo mercado.

Igualmente a forte alta nos preços do petróleo no mercado internacional, diante de um cenário de início de recuperação da economia mundial após o momento mais agudo da pandemia do Covid-19, particularmente nos países desenvolvidos, ajudou a animar o mercado. A alta do petróleo chegou a 8% durante a semana, enquanto o dólar recuou um pouco perante as demais moedas, aumentando a competitividade dos produtos estadunidenses.

O que segurou um aumento mais expressivo das cotações foi a crise política entre EUA e China a partir de acusações do presidente estadunidense de que a China não soube ou não quis controlar o coronavírus que está devastando o mundo nestes últimos  empos. Mesmo assim, por enquanto, a China está cumprindo os acordos comerciais assinados ainda em janeiro deste ano, relativos a chamada Fase Um para a solução do litígio comercial entre os dois países.

Outro elemento negativo aos preços foi o fraco desempenho das inspeções de exportação de soja estadunidense. Na semana encerrada em 14/05 o volume ficou em 352.189 toneladas, aquém do esperado pelo mercado. Mesmo assim, no acumulado do atual ano comercial as inspeções chegam a 34,7 milhões de toneladas, contra 33,2 milhões no mesmo período do ano passado.

Enfim, o clima positivo nos EUA igualmente jogou contra as cotações. Até o dia 17/05, em função deste clima, o plantio da nova safra estadunidense de soja chegava a 53% da área esperada, contra apenas 16% na mesma época do ano passado e 38% na média histórica. Já na Argentina a colheita da safra de soja, até o dia 14/05, atingia a 83% da área semeada, contra 73% em igual momento do ano passado.

No Brasil, a colheita está praticamente finalizada. Ainda na Argentina, a comercialização da safra 2019/20 chegava a apenas 34% em 13/05, contrastando com mais de 85% negociados no Brasil. Isso se deve, em especial,  ao fato de que os produtores argentinos, penalizados com cerca de 35% de imposto sobre suas exportações (as chamadas retenciones, equivalente ao nosso confisco sobre a soja), se veem impedidos de usufruírem das vantagens de um câmbio muito desvalorizado que lá igualmente está ocorrendo. Assim, as vendas externas são bem mais lentas no vizinho país, indo ao encontro do que deseja o governo local. E no Brasil, mesmo com o Real se revalorizando um pouco, chegando perto de R$ 5,60 em alguns momentos da semana, os preços da soja ainda se mantiveram firmes.

O  balcão gaúcho fechou a semana, pela primeira vez em sua história, com a média acima de 100 reais por saco, batendo em exatos R$ 101,53 em termos nominais. Já os lotes oscilaram entre R$ 110,00 e R$ 110,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes registraram os seguintes valores médios: R$ 107,00 no centro e norte do Paraná; R$ 95,00 em Sorriso (MT); R$ 93,00 em São Gabriel (MS); R$ 98,00 em Goiatuba (GO); R$ 98,50 em Pedro Afonso (TO); R$ 100,50 em Uruçuí (PI) e R$ 110,00/saco em Campos Novos (SC).

Os prêmios nos portos brasileiros fecharam a semana girando entre US$ 0,63 e US$ 0,88/bushel, registrando aumento em relação as semanas anteriores. Isto também ajuda a segurar o preço interno diante do recuo cambial. Enfim, vale ainda destacar que o preço de balcão gaúcho, a R$ 101,53/saco nesta semana, está 46,2% acima dos R$ 69,42/saco registrados um ano antes. Já o preço médio dos lotes, no mercado gaúcho, registra ganho de 44,1% sobre o mesmo períododo ano passado. Assim, não surpreende que os produtores gaúchos, e brasileiros em geral, estejam acelerando suas vendas, inclusive as relativas à futura safra 2020/21. 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.