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Recurso por produtor sobe até 54%

Para soja, milho e trigo, o limite de financiamento cresceu 9,1%. Plano para a próxima safra é o maior da história brasileira


O maior Plano Agrícola e Pecuário (PAP) da história do Brasil, anunciado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Londrina, ampliou entre 9,1% e 53,8% o limite de financiamento por produtor. Cerca de 2,2 mil pessoas compareceram ao Parque Ney Braga para conferir mais detalhes sobre os números. E ouviram o presidente colocar grandes expectativas na agricultura como resposta à crise global. “Pelo amor de Deus, gente. Plantem, plantem, plantem! Porque o Brasil vai precisar muito da agricultura para ver se a gente sai dessa crise mais forte e mais robusto”, disse Lula.

O orçamento geral de R$ 107,5 bilhões é 38% maior que o do ano passado, mas os produtores terão reajustes diferentes. Para soja, milho e trigo, principais culturas agrícolas do Paraná, cada agricultor poderá financiar R$ 600 mil – 9,1% a mais que no ciclo 2008/09. O maior reajuste (53,8%) ocorreu nas linhas de investimento, agora com teto de R$ 200 mil por tomador. Avicultura, suinocultura e pecuária terão 25% mais recursos, em financiamentos de até R$ 250 mil. O juro padrão foi mantido em 6,75% ao ano.

“Essa é a prova da importância que o governo dá para a produção agrícola”, disse o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes. “Mesmo com a crise, problemas de mercado, seca e outros problemas climáticos, o produtor continua plantando. Isso é determinante para a nossa passagem pela crise.” Ele afirmou que o setor mostrou ser o mais dinâmico para superar problemas econômicos ao manter as exportações em bons níveis nos últimos meses.

O contexto do lançamento do PAP contrasta com o otimismo verificado na mesma época do ano passado, admitiu Stephanes. Em sua avaliação, a previsão de que o consumo mundial de alimentos vai crescer 50% em 20 anos continua de pé.

“Aumentar a produção é uma tarefa gigantesca”, complementou. Ele disse ainda que o presidente Lula tem sido um “caixeiro viajante” quando falou sobre a necessidade de se abrir novos mercados para os produtos brasileiros. Segundo o Ministério da Agricultura, o setor vende para 180 países.

O governo do estado aprova a estratégia de Brasília. O governador Roberto Requião disse que o incentivo à agropecuária aquece o comércio e, consequentemente, a indústria. E sustentou que o estado está fazendo sua parte, citando o subsídio de até 30% (que complementa os 70% oferecidos pelo governo federal) no seguro para a produção de trigo – o Brasil ainda importa cerca de 40% do trigo que consome.

O PAP é uma forma de combate à pobreza, disse Lula. Em sua avaliação, é preciso que a agricultura familiar ganhe renda para que a economia cresça. “É possível os ricos continuarem ricos e que os pobres cheguem à classe média. É simples.”

Os recursos do PAP representam cerca de um terço do orçamento dos produtores rurais. Os custos de produção são cobertos ainda com recursos próprios e financiamentos a juros de mercado.

Preservação do meio ambiente vira prioridade

A preservação do ambiente se tornou prioridade no Plano Agrícola e Pecuário. No início da solenidade de lançamento do PAP, o produtor Herbert Bartez, de Rolândia (Norte do estado), foi homenageado com a medalha Apolônio Salles, por ter sido o primeiro agricultor a adotar o plantio direto na palha, na década de 70. O sistema hoje cobre mais da metade das lavouras do estado e, além de melhorar a produção, evita erosão e problemas ambientais, como o assoreamento dos rios. Depois da homenagem, Bartz passou a ser reverenciado por todos que discursaram, do ministro da Agricultura ao presidente Lula. O apelo ecológico foi uma resposta à pressão internacional contra o desmatamento da Amazônia e uma forma de o governo tentar sensibilizar os produtores nas negociações por mudanças no Código Florestal.

O presidente da República arrancou aplausos ao se posicionar do lado dos agropecuaristas. Ele defendeu que a transformação de 20% das propriedades em reserva legal, tarefa cujo prazo vence em 11 de dezembro, precisa ser revista.

Lula negou que a produção agropecuária provoque desmatamento na Amazônia e alegou que a pressão internacional é estratégica. “Não venham meter o dedo sujo de combustível fóssil no nosso combustível limpo”, afirmou, numa referência à concorrência entre os derivados de petróleo e o etanol de cana-de-açúcar.

O programa de Produção Sustentável do Agronegócio (Produsa), com orçamento de R$ 1,5 bilhão, prevê nesta safra “incentivo para o produtor rural se ajustar à legislação ambiental vigente”. No entanto, o ministro da Agricultura não confirma se haverá repasses diretos aos produtores como recompensa à preservação de florestas. Os incentivos devem ser direcionados ao reflorestamento e à adoção de sistemas como o de integração entre lavoura, pecuária e silvicultura.

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