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Redes suspendem compra de carne

Onze frigoríficos apontados como comercializadores de gado criado em áreas de devastação da Amazônia sofreram restrições


São Paulo - Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart suspenderam a compra de carnes de 11 frigoríficos, apontados pelo Ministério Público Federal (MPF) do Pará como comercializadores de gado criado em área de devastação da Amazônia. Entre eles estão alguns dos maiores frigoríficos do País, como Bertin e Minerva.

As redes resolveram tomar a atitude em conjunto, após a denúncia do MPF e da ONG Greenpeace. Segundo as redes varejistas, a iniciativa inclui a notificação dos frigoríficos, a suspensão de compras das fazendas denunciadas e exigências de guias de trânsito animal anexadas às notas fiscais dos frigoríficos.

"Como medida adicional, as três redes solicitarão, ainda, um plano de auditoria independente e de reconhecimento internacional que assegure que os produtos que comercializam não são procedentes de áreas de devastação da Amazônia", afirmaram em comunicado, assinado em conjunto com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras ).

Indenização

No início do mês, o MPF ajuizou 21 ações civis públicas pedindo indenização de R$ 2,1 bilhões de pecuaristas e frigoríficos que comercializaram animais criados em fazendas desmatadas ilegalmente. Após isso, foram enviadas notificações a 69 empresas que compram insumos em área de desmatamento ilegal na Amazônia.

Além das redes varejistas, estão na lista das notificações do MPF processadores de alimentos, como Sadia e Perdigão e fabricantes de calçados, como a Vulcabras. A partir da notificação, as empresas devem parar de comprar os produtos ou serão corresponsabilizadas por crime de dano ambiental.

De acordo com o MPF, a área desmatada beira os 160 mil hectares. A identificação do gado proveniente das regiões de desmatamento só é possível graças ao sistema de rastreabilidade.

O Bertin informou, por e-mail, que recebeu a comunicação de suspensão de compra por parte do Pão de Açúcar, referente a produtos bovinos provenientes do Estado do Pará. Diz ter atendido à solicitação da rede, mas que "deve continuar a fornecer itens vindos de outras plantas da companhia".

Segundo o frigorífico, grandes fabricantes de calçados, como Adidas e Timberland, procuraram-na para pedir informações sobre seus procedimentos de compra. O Bertin diz ter informado que todos seus fornecedores são legais e não constam da listas do Ministério do Trabalho e do Ibama. Essas listas condenam práticas semelhantes à escravidão e elencam as áreas embargadas por desmatamento. O Bertin diz ter excluído 165 fornecedores que estavam nas listas.

Perguntada sobre se não tem responsabilidade sobre as empresas das quais compra, o Bertin respondeu, em e-mail encaminhado pela assessoria de imprensa, que "a responsabilidade de fiscalização de desmatamento é dos órgãos públicos".

O Minerva não respondeu ao pedido de entrevista e a Sadia informou que não havia recebido a notificação, mas que acatará a decisão do MPF. Procuradas, Perdigão e Vulcabras não responderam até o início da noite de ontem. (FP)

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