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Região de Umuarama/PR bateu recorde de produção



Umuarama - O clima foi camarada e com área menor do que no ano passado a região de Umuarama bateu recorde de produção dos últimos seis anos, bem como no Brasil onde a colheita de grãos deve ser histórica no ciclo 2009/2010. Mas abundância na produção significa desvalorização do preço, o que desanima produtores. Dados apontam que a saca na região teve, em um ano, queda de quase 29% nos preços.

De acordo com levantamento feito pelo economista Ático Luiz Ferreira, da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), a estimativa deste ano é de 140.733 hectares de soja com uma produtividade de 2.900 a 3.100 quilos por hectare na região. No ano passado a produção por hectare foi 41,5% menor do que a estimativa deste ano. Foram produzidas 260 mil toneladas com a seca e área maior. Em 2010 são esperadas 425 mil toneladas "e a estimativa poderá ser superada", garante o economista.

Atualmente 90% da soja já foi colhida na região. O clima ajudou muito, a chuva foi benéfica apesar de uma pequena seca no início de fevereiro que, segundo Ático, prejudicou algumas lavouras. Mas o interessante, apesar disso, é que lavouras pequenas tiveram produtividades altíssimas, de 170 sacas, por exemplo. "Na nossa região foi a melhor safra dos últimos anos", afirma. Num levantamento da Seab feito com informações da colheita desde 2004, apontam que este ano a produção bateu recorde (confira no gráfico).

Quanto ao milho nem há sequer uma área propriamente dita na nossa região. Os produtores estão desanimados. "A área desse ano será menor possivelmente pela baixa do preço, que está apenas R$14 a saca".

Mas não é apenas o milho que sofreu desvalorização. A lei da oferta e demanda incidiu sobre a soja que, de 2009 para 2010, teve uma queda de 28,94% do preço da saca de 60 quilos. Em função do clima, no ano passado a safra foi menor e o preço maior, R$42,50. A oscilação como boa companheira da soja baixou o preço da saca neste ano para R$30.

Na região de Umuarama as cidades com maiores plantios de soja são Alto Piquiri (19 mil hectares), Brasilândia do Sul (18.500), Iporã (15 mil) e Mariluz (13 mil). Umuarama está longe de estar entre os principais. A área de soja da cidade é de apenas 1.650 hectares, dado bem discrepante quando se considera a produção local do final dos anos 90.

Para o diretor de Agricultura e Meio Ambiente do município, Cláudio Marconi, Umuarama que já teve 445% a mais de hectares plantados de soja teve o seu ápice principalmente por causa de aventureiros que se arriscaram nessa região na época do "bum" da alta valorização dos grãos. Para Marconi, a cidade só teve alta produção por causa de alguns arrendatários que, despreparados, não puderam resistir à seca, aos veranicos e os preços desanimadores. "Os poucos que permaneceram hoje são os que estavam preparados, o resto eram aventureiros atrás de terras baratas para cultivar algo que dava muito dinheiro e com custo baixo de produção", comenta Marconi. Mas depois, muitos "caíram na realidade". "Hoje, o custo de produção aumentou demais", diz o diretor.

Quanto a políticas de incentivo da administração, Marconi afirma que "não queremos pessoas como quando Umuarama era "forte" na soja", mas sigam o sistema de integração lavoura-pecuária. Ou seja, pastagem removida, soja e em seguida retorna ao pasto.

Mas para o produtor e administrador, Evando Carlos Trevisan, na sua fazenda que fica entre Xambrê e Umuarama, a integração seria ótima de soja-aveia se a chuva cooperasse. Para ele está ficando cada vez mais difícil trabalhar com a soja, ainda que esse ano a produção tenha sido muito boa, mas o preço e o arenito tão sensível ao estio são preocupantes. 150 alqueires que já foram soja na sua fazenda agora são pasto, e os 70 restantes (que atualmente proporcionam 120 sacas por alqueire) logo serão gradiados e terraciados pra tornar tudo pasto outra vez. "O mercado está oscilando demais e é bem capaz de nós não vendermos essa soja e deixar ela depositada a espera de um preço melhor, pois agora não vai dar nem pra pagar as contas", diz.

NO ESTADO E NO PAÍS

Paraná poderá colher uma safra recorde de 13,3 milhões de toneladas de soja, contra 9,3 milhões de toneladas na temporada passada, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), do governo estadual, divulgados na última terça-feira.

De acordo com o Deral, 96 por cento das lavouras de soja estão em boas condições, e 4 por cento das plantações têm situação "média".

A safra de soja cresce também por conta do aumento de 9 por cento da área plantada, para um recorde de 4,3 milhões de hectares.

"Na soja, os preços possivelmente serão mais baixos que os atuais, porém ainda remuneradores", completou Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná).

Apesar do cenário de preços pressionados pelo dólar fraco frente ao real, a Ocepar vê a boa produção como um alento.

"Em ano de boa produtividade, o produtor ganha na escala", destacou Turra, observando que na temporada 2008/09 o Paraná perdeu 7,5 milhões de toneladas entre soja, milho e trigo, devido a problemas climáticos.

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou que a safra 2009/2010 deve ser a maior da história. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a maior safra da história foi no ciclo 2007/2008, quando foram colhidas 144,1 milhões de toneladas. Mas a soja deste ciclo deve registrar recorde, conforme expectativa indicada desde o primeiro levantamento da Conab em outubro do ano passado. Segundo o ministro, dados do IBGE para a safra de grãos contam com uma produção histórica de 145,1 milhões de toneladas. (Fonte: Agência)

Histórico da produção na região
ANO QUILOS POR HECTARE
2004 2.038
2005 2.237
2006 2.090
2007 2.801
2008 2.563
2009 1.812
2010 3.100*

(*Estimativa da Seab com 90% da soja colhida)

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