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Regiões agrícolas registram bons volumes de chuva em outubro

Retorno das chuvas ainda não foi suficiente para assegurar a elevação do armazenamento hídrico


Foto: Arquivo

Apesar de baixos volumes registrados, o mês de outubro foi marcado pela volta das chuvas na maioria das regiões agrícolas do país. No Norte os valores de chuva acumulados foram no intervalo de 30 mm a 150 mm. Em grande parte do Amapá e Pará os registros de chuva foram menores que 30 mm. No Centro-Oeste foram registrados valores de chuva acumulada no intervalo de 30 a 120 mm. No do Sudeste, o volume de chuvas variou entre 30 mm e 180 mm, com destaque para Minas Gerais, onde a chuva ficou acima dos 120 mm em praticamente todo o Estado. No MATOPIBA a chuva acumulada teve magnitude de 30 a 90 mm e na região nordeste praticamente não choveu.

De acordo com as informações divulgadas, pelo Boletim TEMPOCAMPO da Esalq, o retorno das chuvas não foi suficiente para assegurar a elevação do armazenamento hídrico na maioria das regiões. Devido às altas taxas de evapotranspiração, o armazenamento hídrico no solo ficou no intervalo de 0 a 30% na maior parte do Brasil. Exceto em parte dos estados do Amazonas e Roraima, onde a umidade do solo foi superior a 45%. No Sul, o armazenamento hídrico ficou abaixo dos 45%, com destaque para o norte paranaense onde a umidade do solo foi próxima de zero.

Nas regiões norte, nordeste e centro-oeste as temperaturas máximas foram superiores a 33°C. O mesmo foi observado para o MATOPIBA, onde as temperaturas máximas também foram maiores que 33°C, com exceção da Bahia, onde predominaram temperaturas máximas abaixo dos 31°C. Temperaturas amenas foram observadas apenas no sul, onde as máximas ficaram entre 25°C e 27 °C, com exceção do Paraná onde as máximas oscilaram entre 27° e 31°C. Já no Sudeste, as máximas variaram de 27°C a 33°C, com destaque para o estado de São Paulo, onde os valores foram superiores à 31°C ao longo de praticamente todo o mês de outubro.

As mínimas foram superiores à 23°C na região norte e no MATOPIBA. No centro-oeste, as temperaturas mínimas oscilaram entre 21ºC e 25 ºC. No Nordeste foram observadas mínimas na amplitude de 16°C a 25°C e no Sudeste as mínimas oscilaram entre 16°C a 21°C. Já no Sul, as mínimas foram inferiores à 16°C, com ocorrência de geadas em alguns locais . Destaque para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, nos quais as mínimas não passaram de 16°C.

Tempo e agricultura brasileira

O tempo seco durante o mês de outubro afetou a produção de milho no Rio Grande do Sul, causando perdas às lavouras que serão colhidas no final de dezembro ou começo de janeiro de 2021. As perdas na colheita são irreversíveis, independente das chuvas que ainda podem ocorrer. O mesmo cenário é esperado para Santa Catarina, onde também deve haver redução da produção nesta safra.

O baixo volume de chuvas registrado no final do mês em Santa Catarina comprometeu a produção de forragem nas pastagens da região, impactando na alimentação do gado leiteiro. O tempo firme também atrasou os trabalhos de semeadura da soja no estado catarinense. Os produtores não estão seguindo com as operações, preferindo aguardar bom volume de chuvas para garantir melhores condições iniciais de desenvolvimento à cultura. Embora a semeadura ainda esteja dentro da janela de semeadura mais adequada no Estado, já há atraso em comparação com o ano passado.

Os produtores do noroeste do Mato Grosso, centro do Mato Grosso do Sul, leste de Goiás e sul de São Paulo já tem condição favoráveis para semeadura da soja, apesar da irregularidade de chuvas registradas nos últimos dias de outubro em partes do Centro-Oeste e Sudeste brasileiro.

Mesmo com o registro de chuvas abaixo do ideal em muitas regiões, as condições foram favoráveis para a abertura de novas floradas da safra 2021/22 nos cafezais de arábica, especialmente no sul de Minas Gerais, e em partes do noroeste do Paraná e Mogiana em São Paulo. Já em Garça (SP), espera-se maiores volumes de chuvas para indução de novas floradas. Por outro lado, as lavouras de café robusta estão se desenvolvendo dentro do esperado no Espírito Santo, ainda que o tempo quente e seco observado em setembro tenha prejudicado parte dos cafezais. Por outro lado, em Rondônia as lavouras foram mais prejudicadas pelo tempo firme no último mês, com abortamento de flores e de chumbinhos, com efeito sobre a produção da próxima temporada.

As chuvas voltaram ao Centro-Sul do Brasil no final de outubro após uma longa estiagem iniciada em março, mas o volume pode ser insuficiente para o desenvolvimento da nova safra de cana-de-açúcar que começa a ser colhida em abril do ano que vem. Apesar de o tempo seco beneficiar e acelerar a moagem da cana nesta safra no centro-sul, reduzindo seus custos, a condição é preocupante para a próxima temporada. A seca atrasou o desenvolvimento das lavouras e houve uma menor renovação dos canaviais e a possibilidade de os produtores colherem canas mais novas na próxima temporada, o que também influencia na redução da concentração de açúcar total recuperável (ATR).

Devido ao tempo quente e seco houve a aceleração da maturação das frutas e hortaliças nas regiões produtoras, impactando na comercialização dos produtos hortifruti em todo o país. Em virtude da rápida maturação de alguns produtos houve grandes variações na oferta e demanda dos produtos e nos valores comercializados no atacado. Dentre os produtos que sofreram influência da estiagem está o tomate, o qual apresentou alta nos preços. O clima quente e seco nas principais zonas produtoras de batata impulsionou os produtores a acelerar o ritmo da colheita dos tubérculos para a fim de não reduzir a qualidade dos produtos. Entretanto, com a chegada das chuvas e diante de condições mais favoráveis para a agricultura, há possibilidades de queda nos valores dos produtos. 

 

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