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Rentabilidade da pecuária reduz

Estudo do Imea aponta que apenas 3 microrregiões recebem acima dos custos totais da produção


Estudo do Imea aponta que apenas 3 microrregiões recebem acima dos custos totais da produção

A rentabilidade da pecuária não é suficiente para que o produtor faça investimentos e continue a produzir a longo prazo. Esta é a conclusão de um estudo desenvolvido pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) que demonstra que das 17 microrregiões estudadas, apenas 3 conseguem ser remuneradas acima dos custos totais da produção. O estudo inédito no Estado deve ser utilizado como subsídio para capitanear políticas públicas para o segmento.

De acordo com o levantamento realizado, dois fatores principais podem se destacar como empecilho para um lucro real da atividade, que seriam a gestão inadequada dos negócios e a escala de produção. A pesquisa apresentada pelo Imea e pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) mostra que a pecuária só passa a ser lucrativa após a produção mínima de 1,1 mil, sendo maior à medida que a escala aumenta.

Para se ter uma ideia, na baixada cuiabana, em que as propriedades tem uma média de 806 cabeças, a lucratividade é a menor e o preço pago pela arroba do boi é cerca de 35% abaixo do ideal, considerando os custos com os animais, mais a depreciação de máquinas e custos da terra.

Na mesma avaliação, apenas as regiões de Juara, Tangará da Serra e Pontes e Lacerda recebem um valor superior ou equivalente ao Custo Operacional Total (COT). Em contrapartida, 3 microrregiões tem a remuneração inferior ao Custo Operacional Efetivo (COE), que desconsidera os custos com o maquinário e a terra, o que garante ao produtor uma falsa sensação de lucro.

O superintendente do Imea, Otávio Celdônio, diz que o estudo comprova a necessidade de investir em gestão e organização da produção. "O produtor precisa colocar na ponta do lápis os custos que possui para conhecer sua produção e assim poder melhorá-la".

Para o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, a pesquisa comprova o que há muito tempo se falava sobre a falta de condições do produtor em reinvestir na produção. "Hoje em dia para melhorar a rentabilidade é preciso investir em tecnologias, mas sem capital o pecuarista não tem como fazer isso", afirma Vacari.

Recuperação - Os números apresentados apontam para um cenário decadente na pecuária mato-grossense, pelo menos para o produtor. Porém, os técnicos do Imea acreditam que a recuperação obtida em 2010 está possibilitando que os pecuaristas continuem no segmento. Em outro ponto da análise, feita a partir de números do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea), e de entrevistas com revendedores, fica clara a valorização da arroba e consequentemente a elevação do lucro de quem produz. Para aqueles que investem na cria de animais (quando há mais saída de bezerro), o aumento do ganho por arroba pelo produtor foi de 34% entre dezembro de 2009 e julho de 2010, período em que o lucro passou de R$ 6,8 para R$ 9,1. Para aqueles que trabalham com engorda (quando há mais saída de animais para o abate) o aumento foi de 31% e o lucro saltou de R$ 4,7 por arroba para R$ 6,2. O ciclo completo, que dura em média 7 anos, está rendendo 126% a mais ao produtor e saiu de R$ 2,4 para R$ 5,4 por arroba.

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