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Resgate da tradição alimentar leva Xavantes à Embrapa Hortaliças

Os mais recentes visitantes a buscarem acesso a essas informações pertencem da Terra Indígena, MT recebidos na Unidade no dia 16 de dezembro


Paresis, Kaiapós, Krahô são algumas das etnias indígenas que visitaram, em períodos distintos, a Embrapa Hortaliças (Brasília-DF) onde buscaram meios de promover e garantir a segurança alimentar de seus respectivos grupos, tanto por meio do resgate de alimentos tradicionais que foram se perdendo ao longo do tempo, como pela introdução de novos materiais de interesse desses povos.

Os mais recentes visitantes a buscarem acesso a essas informações pertencem à etnia Xavante, da Terra Indígena São Marcos, Mato Grosso, recebidos na Unidade no dia 16 de dezembro último. Um grupo de 18 aprendizes, participantes da Rede de Juventude Indígena (Rejuind), foram conduzidos por três lideranças Xavante, integrantes do projeto Tsirãpré Wahoimanadzé, idealizado para alinhar ações convergentes no mesmo propósito: favorecer a tomada de consciência sobre a importância da biodiversidade do Cerrado, as alternativas para o uso sustentável de seus recursos e a prática dos conhecimentos adquiridos.

A presença do grupo fez parte da programação do curso "Diálogos agroecoecológicos sobre conservação e uso de recursos genéticos e segurança alimentar", promovido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF) no período de 14 a 16/12/2016, e que incluiu a Embrapa Hortaliças no roteiro - diálogos sobre hortaliças e diálogos sobre plantio de hortaliças na aldeia - e o Núcleo Brasília da Aldeia do Altiplano - vivências agroecológicas.

"Fortalecer as habilidades desses aprendizes a partir do conhecimento e valorização do Cerrado, extraindo disso experiências para serem vivenciadas por nosso povo, foi o principal objetivo da nossa visita à Embrapa", explica a líder da Rejuind Samantha Ro'otsitsina. Segundo ela, há várias questões a serem enfrentadas na aldeia, entre elas a necessidade da valorização e do fortalecimento do Cerrado, para possibilitar um resgate dos hábitos alimentares mais saudáveis.

"A incorporação de novos hábitos alimentares, a exemplo do consumo de açúcar e de alimentos industrializados, tem afetado a saúde dos Xavantes, e prova disso é a constatação do crescimento, em níveis preocupantes, dos casos de diabetes, principalmente quando comparados com o de outros povos indígenas", anota Samantha, assistente social e pós-graduada em Sustentabilidade em Terras Indígenas. "O nosso povo vem substituindo o que era tradicional nas aldeias pelos hábitos da cidade, o que tem facilitado o aparecimento de doenças", lamenta a líder indígena, para quem a principal dificuldade em recuperar a tradição está no desaparecimento de sementes antes cultivadas pelos índios, "daí a importância do apoio e da colaboração da Embrapa nesse aspecto".

Projetos

Para a pesquisadora Terezinha Dias, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e que vem coordenando os cursos voltados para os povos indígenas desde 2003 - já foram contemplados os grupos Paresis, Kaiapós, Kraô, Kanelas e agora os Xavantes -, essas ações têm mão dupla. "Ao mesmo tempo em que ajudamos a resgatar o cultivo de alguns alimentos, esses grupos nos passam muito conhecimento acerca da biodiversidade, indispensável para os nossos trabalhos de pesquisa", acentua a pesquisadora.

Do lado da Embrapa Hortaliças, na coordenação dos trabalhos com os grupos indígenas, a pesquisadora Neide Botrel defende um maior norteamento de projetos que contemplem ações que possam contribuir para a melhoria da saúde, qualidade de vida e valorização da cultura dessas etnias. "Necessitamos saber mais como vivem, o que anseiam, o que perderam e o que querem resgatar essas múltiplas etnias indígenas que compõem a população do Brasil", resume.

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