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Resíduos agroindustriais podem virar nematicida

Setores sucroalcooleiro, oleoquímico e de papel e celulose podem ter potencial


Foto: Paulo Lanzetta/Embrapa

Uma pesquisa avalia como os coprodutos e resíduos agroindustriais dos setores sucroalcooleiro, oleoquímico e de papel e celulose podem virar compostos naturais com ação nematicida. O trabalho está em fase de testes pela Embrapa Agroenergia (DF) e a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) e esperar gerar um produto natural para combater os fitonematoides, substituindo os químicos.

Os nematoides causam prejuízos bilionários da ordem de R$ 35 bilhões às lavouras brasileiras. Atualmente, essa praga agrícola do solo é controlada com práticas de manejo e compostos sintéticos, que têm perdido eficácia ao longo dos anos, além de poder causar impactos ambientais e à saúde humana. Além de matar as pragas, alguns agroquímicos sintéticos podem causar danos, por exemplo, a pássaros, abelhas e até mesmo aos agricultores que fazem a aplicação.

“Buscamos por princípios ativos mais específicos para esses organismos, de modo a não comprometer o rico ecossistema do solo, uma vez que o uso de nematicidas sintéticos de largo espectro de atuação influenciam de maneira negativa toda a rizosfera/ecossistema envolvido, acarretando riscos à saúde humana, animal e ao ambiente”, declara o líder do projeto, Clenilson Martins Rodrigues, pesquisador da Embrapa Agroenergia. 

Um dos alvos é o Meloidogyne incognita, também conhecido como Nematoide-das-galhas que ataca principalmente as culturas da soja, algodão, café, feijão, milho e cana-de-açúcar. “Esse fitonematoide foi escolhido para ser o alvo principal da pesquisa por ser uma das espécies mais comuns em todo o mundo e um problema sério para a agricultura brasileira,” esclarece Rodrigues.

Esses extratos vegetais e microbianos poderão ser incorporados nas formulações de outros produtos para garantir ações complementares, por exemplo: atuar como nematicida, regulador de crescimento e fixador de nitrogênio. Além disso o custo deve ser menor. 

Os pesquisadores, agora, estão avaliando a segurança de uso (toxicidade dos extratos) para outros organismos não alvo (fitotoxicidade e citotoxicidade), etapa fundamental para garantir a segurança no consumo dos produtos agrícolas produzidos com o uso do nematicida natural. Também será testada a estabilidade do produto ao intemperismo previsto no uso a campo (termoestabilidade).

O projeto Nematus é realizado em parceria com o Grupo Santa Clara, a Demetra Agroscience e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e conta com o apoio da Empresa Brasileira de Inovação Industrial (Embrapii). 
 

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