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Restrição à entrada de carne de Rondônia no RS será reavaliada

A governadora do Estado anunciou durante palestra da Agas que a reavaliação da restrição deverá ser feita na próxima semana


A governadora Yeda Crusius anunciou, no final da tarde dessa quinta-feira (15-03), durante palestra promovida pela Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), no Hotel Deville Aeroporto, que na próxima semana será reavaliada a restrição da entrada de carnes de Rondônia no Rio Grande do Sul. "Um mercado conquistado com dificuldade pelo lado do produtor pode, às vezes, encontrar defesa temporária, por contradição com o lado do consumidor. Estamos tratando a questão em toda a sua amplitude", observou.

Yeda foi a primeira convidada de 2007 para falar dentro da série de quatro palestras anuais promovidas pela Agas. Além da questão referente à comercialização de carne, discorreu também sobre a guerra fiscal entre os estados, que aumentou nos últimos tempos por incentivo da Federação. O fim desse procedimento, conforme destacou, é um dos itens da pauta de reivindicações levada por Yeda e outros 26 governadores ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último dia 6 de março.

"Quando fomos apresentados ao Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), em fevereiro, em Brasília, discutimos sobre como seria possível destravar o crescimento com ações federais sem que isso passe também por ações estaduais", lembrou Yeda, explicando que os governadores defenderam o compartilhamento com os estados de contribuições hoje concentradas na União, como a Cide e a CPMF. Isso daria fôlego aos estados para fazer investimentos, mas não houve concordância do governo federal em repartir as contribuições.

Dívida

Ao longo dos últimos anos, segundo Yeda, a participação do Rio Grande do Sul na arrecadação do Tesouro Nacional passou de 10% para 13%, apesar de todos os problemas enfrentados pelo Estado. "Vamos ter de enfrentar a questão tributária com intenso e contínuo debate", afirmou.

Outro fator lembrado pela governadora como empecilho aos investimentos pelo Rio Grande do Sul é o estoque da dívida com a União, que cresceu 33% nos últimos nove anos. O contrato de negociação da dívida assinado no final de 1998, conforme recordou, trouxe grande alívio ao Estado. Mas como o indexador era o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), sujeito a oscilações cambiais, o débito passou a subir dois meses depois em conseqüência da alta do dólar. Hoje, está em R$ 31,5 bilhões.

São dificuldades financeiras como essas, que recaíram sobre o setor público nos últimos, segundo Yeda, que seu governo se propõe agora a enfrentar. "Há um déficit que só faz crescer há 36 anos. E o Estado demorou a acreditar que ele existia", observou. "Em outros tempos, foi financiado pela inflação (o que hoje não é possível), pelo endividamento (atualmente controlado pela Lei de Responsabilidade Fiscal), pela venda de patrimônio público e, no último período, pelos depósitos judiciais – outra saída esgotada.”

Yeda ressaltou que não há outra forma possível de administração pública, nos dias de hoje, que não seja por gestão, o que significa o estabelecimento de políticas com metas e avaliação de resultados. É uma cultura nova e necessária, conforme definiu. "O que procuramos fazer com corte de despesas e busca de receita, em janeiro e fevereiro, está sendo encolhido pelo inchaço da folha de pagamento, que cresceu R$ 1 bilhão neste ano por conta de aumentos concedidos no passado", exemplificou Yeda. "Mas estamos empenhados em fazer mudanças estruturais para garantir o futuro", completou.

Pioneirismo

Fundada em 21 de janeiro de 1971, a Agas foi a primeira associação regional de supermercados a promover uma convenção estadual do setor. A interiorização da entidade teve início ainda nos primeiros anos da década de 1970, com a realização de um encontro estadual nos pavilhões da Fenac, em Novo Hamburgo. O evento deu origem à Convenção Gaúcha de Supermercados. A Agas difunde novas tecnologias do segmento de supermercados e investe na formação e na qualificação de profissionais. Para isso, mantém a Escola Nacional de Supermercados (ENS) e convênios com instituições acadêmicas.

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