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Retorno econômico e ganho ambiental

Agricultores do Noroeste mostram que é possível lucrar de forma sustentável. Eles implantam florestas com um olho na madeira e outro nos créditos de carbono


O ganho ambiental é uma conseqüência, mas a verdadeira sedução pelas florestas vem do ganho econômico. O convencimento do produtor rural motiva um trabalho de pesquisa e fomento que oferece mais do que simplesmente o plantio de árvores, promete o lucro sustentável.


Já é possível cultivar florestas e plantar grãos ou criar gado na mesma propriedade. O sistema de integração, antes restrito à lavoura-pecuária, começa a ganhar espaço como alternativa de diversificação a partir da silvicultura. É a busca do resultado econômico a partir do apelo ambiental. O produtor consegue diversificar sua propriedade, mantendo a atividade de grãos ou pecuária, e explorar o mercado de créditos de carbono, além de obter renda com o manejo da madeira.

Uma experiência no Noroeste do Paraná revela, aos poucos, que é perfeitamente possível integrar as atividades de produção e preservação. Há pouco mais de três meses, foi criada em Loanda a primeira cooperativa dos produtores rurais de carbono. São 187 pequenos produtores, com uma área total de 389 hectares (média de 2 ha por família), que fazem parte de uma experiência de reposição da mata com o plantio misto de eucalipto com espécies nativas. Com um lote de 356 árvores, a cooperativa fechou um contrato de US$ 920, valor equivalente a um potencial de seqüestro de 92 toneladas de dióxido de carbono.

“Sabemos que somente a agricultura, agora com o apoio das florestas, não tem força suficiente para resolver o problema. Mas esse segmento pode, sim, ter participação fundamental na restauração do equilíbrio”, destaca Eder Zanetti, da Embrapa Florestas, uma das empresas de pesquisa e extensão que atuam no projeto desenvolvido em Loanda, junto com a Emater-PR e outras instituições. Ele explica que, antes da revolução industrial, em meados no século 19, o índice que aponta a intensidade da poluição media 280 PPM (partes de por milhão de partículas de CO2). Atualmente, são 385 PPM. “Nosso desafio é retornar aos níveis dos anos 90, algo em torno de 360 PPM.” A meta faz parte do Protocolo de Kyoto em vigor de 2005 a 2012.


Reequilíbrio

O pesquisador considera que existe solução. O que assusta, no entanto, são as projeções que consideram as maiores elevações nas chuvas e os maiores aumentos de temperatura previstos. Com a aceleração do processo de aquecimento global, “as estações chegam antes e alteram o processo fisiológico da fauna e flora, provocando o desequilíbrio”. O alerta de Zanetti é que, se nada for feito para reduzir ou neutralizar as emissões, o planeta vai, de forma natural, buscar o reequilíbrio. “Mas a que preço?”, questiona o pesquisador, que desenha um futuro com deslocamento e até extinção de espécies animais e vegetais, como começa a ocorrer com a agricultura.

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