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Rio Grande do Sul pretende entrar no mercado de etanol

A Fiergs vê espaço para a indústria gaúcha instalar dez usinas de processamento de cana e faturar R$ 1,2 bi/ano


Grande produtor de etanol a partir da cana-de- açúcar, o Brasil entrou na agenda mundial da agroenergia empurrado pelos interesses dos Estados Unidos e da decisão do governo norte-americano de, nos próximos dez anos, reduzir em 20% o consumo de petróleo. Essa diferença percentual será reposta com energia renovável e o governo Bush quer ter o Brasil como principal parceiro. O Rio Grande do Sul vai entrar nesse mercado. A Federação das Indústrias do RS (Fiergs) começou a avaliar as oportunidades. "É possível instalar dez usinas à base de cana-de-açúcar, com faturamento total de R$ 1,2 bilhão/ano, numa área plantada de 300 mil hectares", diz o presidente da Fiergs, Paulo Tigre.

Essa conclusão, explica o industrial, é resultado das análises do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), de Piracicaba (SP). As regiões Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul, conforme o trabalho, representam para o Estado uma alternativa estratégica de produção de cana. Cada uma das dez usinas teria condições de faturar R$ 120 milhões anuais com o processamento médio de 2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Com base no estudo do CTC, Tigre vê espaço para a indústria do RS prospectar esse novo mercado.

O dirigente da Fiergs projeta oportunidades maiores. "Poderemos chegar a 50 usinas e a uma área no Estado de 1,5 milhão de hectares cultivados com cana-de-açúcar. Isso significaria faturamento anual de R$ 6 bilhões", calcula. Conforme o presidente da entidade, nesse cenário, a indústria do RS tem grandes chances. "O Estado é competitivo, tem um bom porto, com um bom calado, estradas em condições razoáveis e, além da cana, há a possibilidade de obtenção do etanol a partir da celulose", observa.

Os grandes investimentos em base florestal no RS podem ampliar a oferta do etanol e a participação do Estado na oferta do combustível de fontes renováveis. Outros pontos a favor, em benefício da indústria, segundo o dirigente, são o forte parque de máquinas agrícolas, indústria química desenvolvida e a de celulose com perspectiva de novas fábricas. Sem entrar na questão política, como a discutida taxação de 0,54 dólar por galão (3,8 litros) imposta pelo governo dos EUA, a Fiergs está otimista.

Para o presidente da federação, o custo de produção do etanol no Brasil é competitivo se comparado ao dos EUA, onde 70% do combustível é extraído do milho - pois a produtividade da cana-de-açúcar é muito maior. Hoje, o setor nacional envolve 72 mil agricultores, 350 usinas/destilarias, 3,6 milhões de empregos e gera, por ano, a média de R$ 12 bilhões em impostos. O etanol, assinala Tigre, é um mercado mundial de 34 bilhões de litros, que pode chegar a 80 bilhões, em 2010, na ocupação do mercado da gasolina.

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