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Rodovias mal conservadas provocam perdas na safra

Aproximadamente 4,7 milhões de toneladas da safra agrícola brasileira serão perdidos no transporte


Aproximadamente 4,7 milhões de toneladas da safra agrícola brasileira serão perdidos no transporte, devido ao mau estado de conservação das rodovias. É o que estima a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Pelos cálculos da Conab, a perda chega a 4% da safra, que deverá chegar a 119,5 milhões de toneladas na presente safra, a 2004/05.

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, tem reafirmado que o setor pôde ignorar os problemas de logística nos últimos anos porque o mercado - ou seja os preços de venda - compensava essa dificuldade. Em 2005, quando os preços internacionais não estão tão bons como no passado e o produtor gastou mais para produzir, o cenário é outro.

"As perdas no pós-colheita até o destino final totalizam cerca de 8,8%, mas é nas estradas que a perda é maior, entre 3% e 4%", afirmou o presidente da Conab, Jacinto Ferreira. Depois da colheita, pode haver quebras na produção, resultado da armazenagem inadequada e de ajustes técnicos. Esse último caso acontece com o arroz. Quando colhido, a umidade eleva o peso do produto. Depois do processo de secagem, é normal a redução de peso.

Ferreira explicou que a perda de produção nas estradas não é característica só do Brasil. "No mundo todo há perdas, mas no Brasil esse índice é muito alto. No Canadá, perde-se muito pouco, mas o sistema de transporte da produção de trigo, via trem, é muito eficiente", comentou.

Visitas

Os técnicos da Conab visitam as regiões produtoras seis vezes para avaliar a situação das lavouras e aproveitam essas visitas a campo para observar as condições das estradas que servirão para escoar a safra.

No final do ano passado, a Conab divulgou um estudo com informações sobre as condições das estradas. "Na contramão das boas notícias (do agronegócio), a infra-estrutura de transportes essencial à manutenção dessa tendência de crescimento da produção, recebeu pouquíssimos investimentos nas últimas décadas", confirmou o documento. "A rodovia, segundo o estudo, dará, entre todas as outras obras selecionadas, o maior retorno financeiro no escoamento das safras para exportação e no mercado interno", afirmou Ferreira. Ele comentava a decisão do governo de privatizar a BR-163, rota de escoamento da produção do Centro-Oeste. Esse é um ponto considerado crítico, e a rodovia deverá estar asfaltada até 2008, pelos planos do governo.

Para o consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para assuntos de logística, Luiz Antonio Fayet, a perda física da produção "não é nada" se comparada aos gastos adicionais que os agricultores têm com frete. "A violenta piora da rede rodoviária nos últimos anos elevou os preços dos frete para níveis exorbitantes", comentou.

De acordo com o consultor, na safra 2002/03, carregar grãos de Goiás para o Porto de Paranaguá, no Paraná, custava US$ 20 por tonelada. Na safra seguinte, 2003/04, esse valor dobrou e chegou, em períodos de maior demanda, a US$ 45 por tonelada.

"Para a safra atual, que começa a ser escoado, a tendência é de manutenção dos preços, pois as estradas continuam péssimas", afirmou.

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