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Rodrigues prevê safra recorde de soja


O Brasil vai colher uma safra recorde de soja neste ano, mesmo se forem confirmados os danos causados pela seca no sul do país, disse o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues nesta terça-feira (15-02). Em dezembro, o governo previu um crescimento de 23% na produção, para 61,4 milhões de toneladas de soja, graças ao aumento da área plantada.

Rodrigues, que é proprietário de fazendas de soja em São Paulo e no Maranhão, disse que as chuvas foram irregulares e distribuídas de forma desigual com a seca no sul e as fortes chuvas na região centro-oeste. "Mas de qualquer maneira a próxima colheita será um recorde", disse o ministro em entrevista à Reuters.

Representantes da Conab vão realizar um novo levantamento para chegar as estimativas da safra que devem ser divulgadas no início de março.

Uma colheita recorde, no entanto, não deve trazer alívio para os produtores de soja do Brasil que vêm enfrentando uma forte queda nos preços do produto e a alta nos custos de produção. Falando após uma noite passada em claro, devido à eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, Rodrigues disse que os preços devem cair devido a uma safra recorde nos Estados Unidos e à expectativa da produção histórica também no Brasil.

Ao mesmo tempo, disse o ministro, os custos para produzir soja subiram pelo menos 20% desde julho do ano passado, e os produtores vêm sendo obrigados a gastar mais dinheiro na compra de fungicidas para combater a ferrugem asiática que ataca as plantações.

A queda do dólar perante o real também reduz as receitas obtidas com as exportações da soja. "Foi um ano ruim para plantar mais soja", disse o ministro, acrescentando que o governo pode somente alertar os produtores sobre os perigos.

Apesar de o crescimento da área plantada ter sido menor do que o registrada em anos anteriores, de acordo com a empresa privada de análises Celeres, o país plantou 22,7 milhões de hectares de soja para a colheita em 2005, número 7% superior ao registrado no ano anterior.

Rodrigues disse que os preços estão ainda piores, embora em uma escala menor, para os produtores de arroz, que estão concentrados principalmente no Rio Grande do Sul e que tem um volume menor de exportações.

Segundo o ministro, os produtores de trigo e de milho também enfrentam problemas com os preços, e o mercado está começando a melhorar somente para os produtores de algodão. "Temos problemas em cinco setores de grãos, e o governo tem recursos insuficientes para ajudar os produtores", disse o ministro.

Ele disse que o Ministério da Agricultura propôs medidas comerciais para garantir que a colheita de grãos do Brasil seja feita sem a pressão negativa dos preços. Na semana passada o Ministério propôs um crédito comercial extra de R$ 5,5 bilhões para os produtores de soja e de outros bens agrícolas, incluindo o financiamento de opções de compra de grãos governamentais e privadas e dos custos de armazenamento.

Rodrigues disse que a depreciação dos preços da soja, produto responsável por 25% do valor das exportações agrícolas do Brasil, vai afetar o desempenho da balança comercial brasileira neste ano.

No ano passado, as vendas do produto para o mercado externo saltaram quase 24%, atingindo US$ 10 bilhões, apesar da colheita menor, de 50 milhões de toneladas. Esses números foram fator-chave para o superávit comercial agrícola de US$ 34,13 bilhões registrado no ano passado.

Mas as boas perspectivas para as exportações de açúcar, etanol, café, suco de laranja e, em menor extensão, de carnes, podem amenizar esse impacto. "Minha primeira impressão é que o total das exportações agrícolas não vai cair, mas o superávit comercial será menor", disse Rodrigues.

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