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RS: produção de frutas incentiva sucessão em propriedades rurais

A produção de frutas tem atraído a atenção de agricultores do Rio Grande do Sul


Foto: Pixabay

A produção de frutas tem atraído a atenção de agricultores do Rio Grande do Sul. A atividade é uma boa alternativa de renda para a agricultura familiar, pois em áreas menores é possível obter uma boa rentabilidade e onde atividades como a produção de grãos não seria tão rentável. Além disso, a fruticultura tem estimulado a sucessão familiar em propriedades rurais. "A fruticultura costuma ser uma tradição nas famílias que vem dos bisavós e vai passando entre as gerações", comenta o extensionista rural agropecuário da Emater/RS-Ascar, Vivairo Zago.

Nos 23 municípios que compõem o Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) do Vale do Rio Pardo a fruticultura se destaca em alguns municípios como Encruzilhada do Sul, Rio Pardo, Ibarama e Sobradinho. No mês de janeiro é realizada a colheita da maior parte das espécies frutíferas cultivadas na região, como a uva, melancia, maçã e mirtilo.

Na microrregião Centro Serra a viticultura tem se destacado entre as culturas, principalmente nos municípios de Sobradinho e Ibarama, que juntos somam 30 famílias envolvidas com o cultivo de uva comercialmente, com uma produção média de 1.250 toneladas anuais. Nesses municípios a maior produção de uvas é das variedades americanas como a Bordô, Niágaras, Francesa e Guethe que são utilizadas para consumo in natura e elaboração de vinhos coloniais. A região conta também com três cantinas empresariais. Além da uva, na região Centro Serra também são cultivados em áreas menos expressivas outras frutas como a ameixa, kiwi, pêssego e caqui.

Na propriedade da família Wagner, na localidade de Linha São João, interior do município de Ibarama, oito hectares são destinados à produção de frutas: laranja (cinco hectares), bergamota (dois ha) e pêssego (um ha). A produção de frutas sempre foi a atividade desenvolvida pelo patriarca da família, Cláudio Wagner. Com o recente falecimento do pai a atividade agora é exercida pelos filhos Felipe e Fernando e pela matriarca Marelisse. "Estamos nos organizando para continuar nessa atividade e pensamos em mecanizar a produção, principalmente na parte da roçada, que meu pai fazia manualmente", conta Fernando.

A produção da família Wagner é comercializada de forma direta ao consumidor no município sede e também na região, nas residências, no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) para as escolas de Ibarama e em restaurantes para a produção de suco de laranja.

A família tem planos para o futuro. "Além da mecanização queremos aumentar a área de laranja e bergamota, que são as frutas com maior demanda e de maior durabilidade durante o ano e também a produção de pêssego e investir no cultivo de ameixa, que tem bastante procura", projeta o jovem agricultor. Quanto a agroindustrializar a produção, Fernando ressalta que é preciso calma. "Estamos conhecendo uma agroindústria de suco, mas isso é uma ideia mais para a frente, pois atualmente toda a laranja que produzimos é comercializada e temos demanda para mais produção. Então, vamos aumentar a produção para atender essa demanda já existente e depois pensar na agroindústria", pondera.

Já na região baixa do Vale do Rio Pardo, em direção à Serra do Sudeste, os municípios de Rio Pardo e Encruzilhada do Sul têm se destacado na produção de frutas. Rio Pardo conta com uma área de 500 hectares dedicados à produção de melancia. Nessa atividade são 40 famílias, com uma produção estimada de 10.000 toneladas. Os pomares de nogueira pecã também têm despertado o interesse dos agricultores rio-pardenses. No município são 100 hectares cultivados, com produção de 7.500 toneladas, envolvendo 20 famílias.

Encruzilhada do Sul é o município do Vale do Rio Pardo com maior destaque em fruticultura. O município conta com empreendimentos empresariais e familiares nesta área. Atualmente o município cultiva em torno de 1.200 hectares de melancia, envolvendo 25 famílias, com uma produção estimada em 24.000 toneladas.

A produção de uva no município é desenvolvida por 27 unidades de produção tanto familiar como empresarial, em uma área de cerca de 494 hectares e produção estimada de 2.970 toneladas. Na propriedade do agricultor Paulo Roberto Minuzzi, o Beto como é conhecido, na localidade de Alto das Pedrinhas, são cultivados 10 hectares de uva das variedades Bordô, Niágara Rosa, Niágara Branca, Isabel e Francesa. "Nossa família é de origem italiana e meu pai, Antônio Carlos, já conhecia a atividade. Enquanto outros produtores investiram no cultivo de outras frutas nós enxergamos na uva uma atividade familiar e com potencial de venda", conta Beto.

Anualmente a família produz, em média, quatro mil litros de suco de uva e seis mil litros de vinho. A produção da família Minuzzi é comercializada na propriedade, na Fruticultura e Cantina Minuzzi e por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), atendendo as redes municipal e estadual de educação. "A ideia é investir em técnicas para aumentar a produtividade, sem aumentar a área de produção. Também estamos buscando a legalização da cantina para alcançar novos mercados com a produção de vinho, que é realizada de maneira artesanal", projeta o agricultor, que além da uva tem na produção de amora preta uma importante fonte de renda para a família.

Assim como Beto, outras 17 famílias do município investem na produção de amora preta, que juntas somam 15,5 hectares e produção de 90 toneladas. Ainda em Encruzilhada do Sul, cinco famílias cultivam 49 hectares de maçã, com produção de 600 toneladas e recentemente a produção de mirtilo têm atraído agricultores. Nesta atividade são quatro famílias envolvidas, com uma área de aproximadamente três hectares.

O extensionista rural agropecuário da Emater/RS-Ascar Vivairo Zago ressalta que nessa safra foi registrado alguns períodos de chuvas abaixo do normal na primavera. "No entanto, as frutíferas perenes praticamente não foram prejudicadas. Essas espécies frutíferas possuem um sistema radicular amplo e resistem mais aos períodos com chuvas irregulares. Desde que não haja déficit hídrico, essas culturas se beneficiam com o clima mais seco, resultando em melhor sanidade e qualidade das frutas", explica.

Segundo o extensionista, a produção de melancia registrou perdas em razão da estiagem estimadas em cerca de 25% nos plantios de outubro na região do Vale do Rio Pardo. "A fase de formação dos frutos foi a mais afetada. Assim os plantios de outubro não irrigados tiveram alto percentual de frutos não comerciais. Os plantios de novembro estão com bom potencial de produção com a volta das chuvas", observa.

No Rio Grande do Sul, segundo dados da Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), a produção de melancia é realizada por 1.370 famílias e com produção de cerca de 220.000 toneladas. O cultivo de uva para a indústria é feito por 14.270 famílias, com produção de 710.000 toneladas. A produção de maçã envolve 740 famílias e registra 499.000 toneladas; a amora preta é produzida por 320 famílias, com produção de 260 toneladas. Já o mirtilo é cultivado por 65 famílias e registra uma produção de 310 toneladas.

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