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RS ganha carne com certificação

Pela primeira vez, em toda América, produto terá denominação da região de origem


Pela primeira vez, em toda América, produto terá denominação da região de origem. A carne produzida no Pampa Gaúcho, no Sudoeste do Rio Grande do Sul, tem agora um selo que garante a sua origem. É a primeira carne em todo o continente americano a possuir um certificado de denominação geográfica, seguindo os passos dos vinhos do Vale do Vinhedo, na Serra Gaúcha, e do café produzido no Cerrado Mineiro. De início, a carne tem um bônus de 2% em relação ao preço das demais comercializadas naquele estado. No futuro, o prêmio pode aumentar conforme a demanda.

Todo o gado abatido na região, denominada Pampa da Campanha Meridional do Rio Grande do Sul - pois a paisagem do pampa é encontrada também no Uruguai e parte da Argentina - é comercializada inicialmente apenas no estado. Mas a intenção do frigorífico Mercosul, que fechou parceria com a Associação dos Produtores de Carne do Pampa Gaúcho da Campanha Meridional (Apropampa), é começar as tratativas visando o mercado externo a partir do segundo semestre, quando a oferta de animais tende a aumentar. Hoje são somente 50 bovinos abatidos por semana. "O diferencial é a região", explica Guilherme Sangalli Dias, secretário-executivo da associação. Segundo ele, a região que recebeu a certificação compreende 1,2 milhão de hectares de pastagens finas.

Os animais que recebem a marca Carne do Pampa devem ser abatidos com até 36 meses, criados em pasto nativo - não pode ser cultivado -, sem suplementação na alimentação ou confinamento, e precisam ser puros das raças angus ou hereford. Além disso, devem estar há pelo menos um ano em fazendas da região e ter rastreabilidade desde o nascimento. As fazendas que hoje compõem a região têm um plantel de 20 mil bovinos. A meta, de acordo com Dias, é chegar a 300 propriedades e 100 mil cabeças nos próximos cinco anos.

O processo de certificação da denominação geográfica, concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) demorou dois anos e, com este selo, o produto pode ser exportado. Todo o processo foi custeado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

De acordo com Gustavo Moglia Dutra, gerente de Extensão Rural do Mercosul, a parceria com a associação surgiu dentro de um projeto do frigorífico de busca de produtos de maior qualidade. "Queremos tudo o que possa qualificar o processo produtivo e agregar valor", afirma Dutra. Segundo ele, hoje 30% dos abates da indústria vêm de programas específicos de qualidade, como o que dá bônus por animais com padrão racial, idade e acabamento de gordura.

Certificações

"A denominação geográfica não vende apenas o produto, mas toda uma forma de vida da região", afirma Dutra. Foi com esse espírito que nasceu, em 2002, a denominação do Vale dos Vinhedos, também no Rio Grande do Sul. Segundo Jaime Milan, diretor-executivo da Associação (Aprovale), a certificação permitiu um acesso maior ao mercado externo, além de, internamente ajudar a manter os preços, diante de uma forte concorrência com os vinhos importados. "Ganhamos na comercialização e também na promoção da região, pois o índice de crescimento de turismo aumentou 170% em cinco", afirma Milan. No caso do café, a denominação da procedência do Cerrado Mineiro foi a primeira certificação do produto em todo o mundo.

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