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RS perderá indicação para plantio de soja

Produtores de soja do RS vão iniciar embate com o Ministério da Agricultura


Produtores de soja do Rio Grande do Sul vão iniciar embate com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para impedir que o zoneamento agrícola para o grão exclua municípios do estado na safra 2007/08. Nas próximas semanas, o ministério deve divulgar documento excluindo áreas em 69 municípios das regiões Fronteira Sul e Missões, que há 15 anos vêm apresentando perdas médias de produção acima de 20%.

Mas, segundo o presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Carlos Sperotto, pelos critérios adotados pelo governo - áreas com perda superior a 20% nos últimos 15 anos e solo tipo 2 (com baixa armazenagem de água) -, a área segregada pode chegar a 200 municípios que cultivam 1 milhão de hectares da oleaginosa, 25% de toda lavoura de soja gaúcha.

Sperotto espera se reunir com técnicos do ministério na próxima semana para discutir o assunto. Ele defende que haja, pelo menos, quatro anos de prazo para que o sojicultor dessas regiões possa quitar seus débitos de custeio e investimento e migrar para outras culturas.

"Queremos discutir essa questão de forma coerente. Mas, o ministério está sendo radical. Na primeira proposta de renegociação das dívidas deste ano, por exemplo, excluiu o Rio Grande do Sul, alegando inviabilidade para soja. Mostramos que na safra 2006/07, o desempenho foi melhor e revertemos a proposta", lembra Sperotto.

De acordo com coordenador-geral de zoneamento agropecuário do ministério, Francisco José Mitidieri, desde 2005 o zoneamento vêm indicando a necessidade de restringir plantio em território gaúcho para amenizar o risco de perdas por razões climáticas. Segundo ele, oficialmente, quem não segue o zoneamento não pode contratar seguro público.

A restrição de tomada de crédito controlado só existe para os agricultores vinculados ao Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf). De acordo com o meteorologista da Somar, Paulo Etchitchurry, as lavouras de soja e de milho nas regiões indicadas só têm boa produção em anos em que ocorrem fenômenos como o El Niño. "É necessário ter condição atípica de clima para ter boa produção", afirma o meteorologista.

Mitidieri acrescenta que o ministério indicou no zoneamento para essas regiões o plantio de mamona, girassol, amendoim e frutíferas de caroço, como nectarina, pêra, ameixa e sorgo.

No entanto, a migração de uma cultura para a outra não é vislumbrada por produtores. Sem conhecimento da futura exclusão de São Gabriel do zoneamento, o produtor André Mann, plantou 400 hectares de soja no município na 2006/07 e programa ampliar a área para 600 hectares. Ele cultiva soja há cerca de 30 anos e, de fato, nas últimas cinco safras, registrou quebra de produção em duas. No entanto, não pretende parar de plantar a oleaginosa. "Não dá para migrar para fruticultura, por exemplo, porque não há mão-de-obra especializada. A soja é mecanizada e eu, meu irmão e meu pai tocamos a lavoura sozinhos", conta Mann.

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