Os produtores gaúchos pretendem exportar 500 mil toneladas de arroz industrializado neste ano, o equivalente a US$ 100 milhões. O volume é 43% maior que o inicialmente projetado, de 350 mil toneladas. Se confirmado, será o maior volume embarcado nos últimos 30 anos. No ano passado, o Rio Grande do Sul exportou 45 mil toneladas do grão para países da África, América do Sul e Caribe.
"É a maneira que encontramos para dar mais sustentação aos preços no mercado interno", diz Valter Pötter, presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). A saca de 50 quilos está cotada entre R$ 25 e R$ 26 no interior do estado. O preço é inferior ao custo de produção, estimado em R$ 30 a saca, e acumula queda de 40% desde agosto do ano passado.
Para viabilizar a exportação, os produtores de arroz fizeram uma parceria com cooperativas, que receberão o equivalente a 10% da safra de cada arrozeiro. Os grãos serão industrializados e negociados no mercado externo.
No próximo domingo, 27, será dada a largada para a colheita do cereal no estado do Rio Grande do Sul, o maior produtor brasileiro. A largada será dada no município de Dom Pedrito, na Estância Guatambu, de propriedade de Pötter.
A seca que atinge o Rio Grande do Sul desde o final do ano passado não afetou drasticamente os produtores, que em sua maioria são médios e grandes e contam com sistemas de irrigação e reservatórios privados de água. O maior uso de tecnologia aliado a programas de agricultura de precisão ajudaram a garantir o aumento de produtividade, que se sobrepôs a eventuais perdas com a estiagem.
A colheita no Rio Grande do Sul deve ficar entre 5,5 milhões e 5,8 milhões de toneladas, um pouco acima da média histórica, de 5,5 milhões de toneladas. No ano passado, a colheita foi recorde, de 6,3 milhões de toneladas de arroz.
Sofreram mais com a seca os agricultores que dependem da água de rios e lagoas para irrigar.
Salvaguardas à espera:
Em janeiro, a Federarroz entrou com pedido de salvaguardas provisórias contra as importações de arroz. A medida atinge principalmente Argentina e Uruguai.
O pedido ainda não foi julgado pela Câmara de Comércio Exterior (Camex). A Federarroz pede sobretaxa de 50% nas importações feitas a partir da colheita, que se inicia neste domingo. De acordo com Pötter, Argentina e Uruguai têm custos de produção menores porque a carga tributária nesses países é menor.
No ano passado, o Brasil produziu 12,7 milhões de toneladas - para um consumo de 12,6 milhões - e importou 1,2 milhão de toneladas. Neste ano, a produção deve cair para 12,2 milhões de toneladas.