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Sadia e Perdigão apostam no produtor integrado em 2009

As duas líderes do setor de alimentos à base de aves e suínos não esperam por um ano ruim e projetam investimentos



A Sadia e a Perdigão planejam aumentar o universo de produtores integrados fornecedores de matéria-prima em 2009. Essa será uma entre as iniciativas levadas adiante no próximo ano, embora os reflexos da crise sejam desconhecidos. As duas líderes do setor de alimentos à base de aves e suínos não esperam por um ano ruim e projetam investimentos, somadas as cifras, da ordem de R$ 1,1 bilhão. Sustentam discursos similares de que a turbulência não deverá desacelerar significativamente o consumo global de alimentos.

No caso da Sadia, a empresa se prepara para ganhar espaço de concorrentes no mercado interno. Está nos planos para 2009 o aporte de R$ 500 milhões na conclusão de projetos em andamento e melhorias em unidades. Quanto aos fornecedores de matéria-prima, deverão ser integrados mais 500 criadores de suínos e aves das regiões de Santa Catarina, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. "A necessidade virá porque a empresa vai investir para melhorar a eficiência das unidades, o que levará a um aumento de abate", contou Valmor Savoldi, diretor vice-presidente de operações da companhia.

Segundo Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho de administração da Sadia, a queda de preços das commodities agrícolas vai ajudar na redução de custos e no barateamento de produtos finais, um dos motivos pelo qual a empresa espera ampliar seu volume de vendas. "O efeito mais concreto de arrefecimento da demanda por conta da crise será notado em outros segmentos, como o de bens duráveis, por exemplo. Também está a nosso favor o efeito da busca por melhores hábitos de consumo e não temos a expectativa de que a crise vá interrompê-lo", analisa. Muitos consumidores consideram a carne de frango mais saudável.

A Perdigão também vai investir em ampliação de capacidade produtiva. A ordem é manter o nível de investimentos feitos neste ano, de R$ 600 milhões, para concluir projetos iniciados em 2008. Entre eles, segundo Nilvo Mittanck, diretor de operações da empresa, receberão aportes as unidades de Lajeado (RS), e de Nova Mutum e Mirassol d'Oeste, ambas no Mato Grosso. Novos integrados também serão somados à equipe, mas a projeção ainda não foi divulgada. Somente em 2008, a companhia acrescentou 2.538 produtores integrados à lista - considerando as aquisições da Eleva (e Avipal) e a incorporação de novos criadores devido ao aumento de demanda.

José Antônio do Prado Fay, CEO da empresa, não crê na desaceleração do consumo de alimentos no mercado interno e arrisca dizer que o Brasil possa ver crescimento de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009.

Quanto às exportações de frangos, as duas empresas líderes do setor apostam em um aumento de 5%. Fay acredita que o Brasil vai ganhar espaço dos concorrentes norte-americanos no mercado global de aves. Em situação de crise, os produtores dos Estados Unidos perderão competitividade.

Além disso, o México manteve a proibição às compras de carne bovina, de cordeiro, suína e de aves de 30 frigoríficos dos Estados Unidos, segundo porta-voz do Instituto Americano de Carne.

O México, importante comprador de carne dos EUA, suspendeu as compras de processadoras norte-americanas em 23 de dezembro, citando questões sanitárias como embalagem, rotulagem e condições de transporte.

Muitas das processadoras suspensas são de propriedade de grandes empresas dos EUA, incluindo Cargill Inc , Tyson Foods Inc, Seaboard e Smithfield Foods, além da unidade norte-americana do brasileiro JBS.

Sadia e novas fábricas

Após o estouro da crise financeira mundial, que trouxe prejuízos da ordem de R$ 760 milhões à Sadia com operações de derivativos, a empresa optou por levar adiante as operações de fábricas novas que já funcionavam parcialmente ou estavam quase concluídas.

Diferentemente da Sadia, a Perdigão não enfrentou problemas financeiros de perdas com a turbulência global porque tem perfil financeiramente conservador, dessa forma, os derivativos não são instrumentos utilizados. "Para fazer hedge recorremos a outros instrumentos tradicionais, que não têm risco desproporcional", diz Leopoldo Viriato Saboya, diretor financeiro e de relações com investidores da empresa. Por conta disso e também pelo fato de a Perdigão não ter registrado prejuízos na época do estouro da crise financeira, a companhia sentiu melhoria no acesso às linhas de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) a partir do mês de novembro. Essa foi uma das principais queixas de empresas exportadoras neste final de ano.

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