Os produtores de melancia do Sul do Estado colheram neste ano a pior safra dos últimos anos. Jaguaruna, o município que mais produziu em Santa Catarina no ano passado, desta vez perdeu em qualidade, quantidade e preço.
Além do clima ruim - excesso de chuva na fase de frutificação e muito calor durante a colheita -, as doenças no solo e o abandono da cultura fizeram com que o município reduzisse pela metade a produção desde ano em relação ao anterior. A área plantada despencou de 600 para 300 hectares e a produtividade caiu de 25 para 15 toneladas/ha.
O otimismo com o preço da melancia, que fez os produtores abandonarem a mandioca em 2001, acabou não se concretizando na colheita de 2002 e muitos produtores desistiram do negócio. Com isso, a área de cultivo voltou ao normal, mas a baixa produtividade desanimou ainda mais os principais agricultores.
O produtor Valter Alício Bitencourt, de Arroio Corrente, reduziu de 70 para 40 hectares a plantação de melancia e agora decidiu abandonar de vez a atividade. O motivo é o alto custo de produção - estimado entre R$ 1,2 e R$ 1,5 mil por hectare - e da mão-de-obra. “Desanimei”, lamentou Bitencourt, que plantou 50 hectares de milho para teste e perdeu toda a produção devido à falta de chuva.
Para os produtores de Jaguaruna o preço da melancia foi bom somente em dezembro, quando chegou a R$ 0,30 o quilo. Beneficiados pelo atraso na colheita das lavouras do Rio Grande do Sul, os catarinenses começaram festejando, mas a partir de janeiro o preço despencou para R$ 0,10.
A melancia de Jaguaruna abastece principalmente os mercados de São Paulo e Paraná. A colheita se encerrou neste final de semana, e alguns produtores aproveitaram para vender a fruta na beira de estradas.