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Saldo da balança agropecuária vai crescer 20%


O saldo da balança do agronegócio deverá aumentar 20% neste ano, para algo em torno de US$ 24,05 bilhões, segundo previsões do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No ano passado, o superávit agropecuário atingiu US$ 20,34 bilhões, ou seja, as exportações brasileiras totalizaram US$ 24,83 bilhões, em relação a um volume importado de US$ 4,49 bilhões.

O foco principal das exportações ainda é a soja, principal produto da pauta, que lidera o ranking nos últimos anos e cuja comercialização está atrasada. "O produtor está sentado em cima da produção", diz Renato Sayeg, diretor da Tetras Corretora, de São Paulo

"A comercialização está praticamente paralisada porque os agricultores estão optando por ficar com a soja em vez de vendê-la e ficar com o dinheiro no banco."

Nos últimos quatro anos, os produtores brasileiros de soja ganharam muito, com o reflexo dos bons preços no mercado internacional e sobretudo boa demanda pelo grão, sobretudo na China.

Neste ano, as exportações brasileiras de soja devem totalizar algo entre 20,5 e 21 milhões de toneladas, o que significa uma elevação de 30% em relação ao ano anterior, quando o volume embarcado oscilou entre 15,7 e 16 milhões de toneladas.

Apesar da negociação lenta neste momento, também influenciada pela desvalorização do dólar frente ao real, a expectativa é de que a área cultivada cresça ainda mais, na medida em que os preços indicam que é melhor plantar soja do que milho. As indústrias esmagadoras de soja, porém, estão com margens apertadas e algumas operam no vermelho.

No caso do café, o dólar e a queda na safra inibiram as exportações, mas a expectativa é de que o Brasil mantenha sua participação no exterior em torno de 30%, diz Guilherme Braga, presidente do Conselho Nacional dos Exportadores de Café Verde (Cecafé).

As expectativa para 2003 é de que as exportações totalizem 26 milhões de sacas de 60 quilos, queda de 7% em relação aos embarques registrados em 2002 que somaram 28 milhões de sacas.

Outro produto de destaque na pauta brasileira de exportações é o suco de laranja, produto que mais vem sofrendo barreiras no mercado internacional. Segundo Ademerval Garcia, presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Citros (Abecitrus), os EUA têm duas barreiras para o suco brasileiro. A primeira é uma taxa de US$ 418 por tonelada de suco brasileiro que entra no país. Para se ter uma idéia do gravidade da situação, basta lembrar que este valor equivale aproximadamente a US$ 2 por caixa de 40,8 quilos, que é mais alto do que a média recebida pelos produtores brasileiros durante a última década.

De acordo com Garcia, negociações bilaterais seriam muito mais eficientes, "mas o Brasil não tem o perfil de discutir tais assuntos desta forma, mas apenas nos fóruns multilaterais. Desta forma, ou se discute com o Mercosul ou acaba não levando a questão adiante", diz.

Outra barreira enfrentada pelas indústrias brasileiras refere-se à chamada taxa de equalização da Flórida, de US$ 40 por tonelada de suco que entra naquele estado. Esta taxa já é contestada na OMC, na medida em que os industriais entendem que a mesma é discriminatória e o dinheiro acaba sendo utilizado para fazer propaganda em favor do suco de laranja local.

Nos últimos anos, o suco de laranja brasileiro conquistou importantes mercados, sobretudo na China, sudeste da Ásia, Rússia e parte do Leste Europeu. No caso dos chineses, a taxa caiu 75% para 7,5%, o que favoreceu muito o setor. A medida fazia parte do esquema para os chineses entrassem na OMC.

Mesmo com a ampliação dos mercados, Garcia diz que o problema continua na base, ou seja, a renda no campo não pára de cair. "O produtor rural está empobrecendo." Segundo ele, o plantio de laranja está crescendo em regiões de São Paulo e Triângulo Mineiro e "se não houver como escoar esta produção a situação vai piorar".

Em relação à produção de suco, o volume está estabilizado há dez anos em torno de 1,1 milhão a 1,2 milhão de toneladas de suco de laranja. O faturamento da indústria oscila em U$ 1,3 bilhão. O preço do suco no exterior oscila em US$ 900, mas já havia despencado para US$ 600 nos últimos meses.

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