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Seca vai comprometer 5% da próxima safra de café em SP

O clima seco e a estiagem prolongada de até 70 dias na maior parte de São Paulo já comprometeram a safra de café do ano que vem


O clima seco e a estiagem prolongada de até 70 dias na maior parte de São Paulo já comprometeram a safra de café do ano que vem no Estado. A estimativa do setor é que a perda em 2008 já esteja em ao menos 5%, o que é considerado muito ruim, já que a próxima safra será grande (a cultura é bianual, e 2007 foi o ano de baixa produção). Alguns produtores na região de Franca (400 km ao norte da capital) já falam em perdas de 20%.

O problema é que, sem chuvas satisfatórias desde 26 de julho, os cafezais terão no próximo ano a mistura de frutos novos com velhos nos pés. Nem mesmo uma forte chuva hoje, por exemplo, poderia solucionar o problema. E isso vai acontecer justamente por causa dos efeitos de uma chuva forte ocorrida em julho.

"Com a chuva forte que houve em julho, seguida de uma elevação da temperatura, o café "pensou" que era época de florescer. A florada atrapalhou o ciclo do café. Ele vai florescer de novo e terá frutos misturados no pé, verdes e maduros. Isso atrapalha a qualidade do café e da bebida", afirmou Hilton Silveira Pinto, diretor do Cepagri (Centro de Ensino e Pesquisa em Agricultura), da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

O produtor Manoel Oliveira Lima, que também é administrador de uma fazenda de 1.040 hectares de café (o equivalente a 1.350 campos de futebol) em Ribeirão Corrente, na microrregião de Franca, está pessimista com a safra. "Na média, a perda foi de 20%, mas há alguns cafezais em que o prejuízo atinge 50% porque alguns pés estão quase perdidos", afirmou Lima.

Segundo ele, a solução para os produtores é "rezar para chover". "Só assim conseguiremos salvar o que sobrou", disse ele. O agricultor estima que o prejuízo mínimo na propriedade de 2,7 milhões de pés de café será de R$ 1,5 milhão. O produtor José Mário Marques afirmou que as perdas em seu cafezal de 50 hectares, em Ubiraci (MG), somam 15% até agora. "Os institutos de meteorologia não prevêem chuva nos próximos sete ou oito dias, o que é muito ruim para a maioria dos produtores", disse. Seria preciso chover ao menos 50 mm para interromper os danos causados nos cafezais -para quebrar a estiagem agrícola, é necessária uma chuva de no mínimo 10 mm.

De acordo com o pesquisador da Unicamp, com o calor atual, a produção futura está danificada, e a taxa de florescimento do café pode cair ainda mais, o que já é esperado pelos cafeicultores.

"Lavouras mais novas, de sete ou oito meses, ou de um ano e meio, estão em uma situação crítica, de secamento de folhas", afirmou o engenheiro agrônomo Ricardo Lima de Andrade, diretor-secretário da Cocapec (Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Franca), que tem 1.700 cooperados. De acordo com Andrade, o déficit hídrico, com o esgotamento das reservas do solo, tem preocupado o setor, porque setembro e outubro compreendem o período de floração. "A qualidade não fica muito boa. Muita seca ou muita chuva, o que é diferente ou exagerado, causa problemas depois", afirmou Silveira Pinto.

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