Seguro paramétrico é aposta em meio a mudanças climáticas
A inovação proporciona previsibilidade e clareza contratual

O agronegócio brasileiro, setor vital da economia nacional, enfrenta riscos climáticos cada vez mais intensos, como secas, geadas e chuvas fora de época, que comprometem a produtividade e a renda dos produtores. Nesse cenário, ganha força o seguro paramétrico, baseado em índices climáticos, como alternativa ágil e transparente ao modelo tradicional de seguro rural.
Segundo Suely Tamiko Maeoka, advogada no Rücker Curi – Advocacia e Consultoria Jurídica, esse tipo de seguro permite indenizações automáticas, em até 72 horas, quando parâmetros como chuvas, temperatura ou umidade previamente acordados são atingidos, sem necessidade de perícia no campo. A inovação proporciona previsibilidade, clareza contratual e pode beneficiar especialmente pequenos produtores ou regiões não atendidas pelo seguro tradicional.
Apesar das vantagens, há desafios relevantes para sua implementação. A legislação brasileira ainda está estruturada sobre o princípio da perda real comprovada, o que dificulta o enquadramento jurídico do modelo paramétrico. Além disso, a escassez de estações meteorológicas confiáveis em diversas regiões agrava o risco de base, comprometendo a precisão dos gatilhos climáticos.
A expectativa é que, com o avanço tecnológico — como sensores IoT, satélites e inteligência artificial — e projetos de lei como o PL 2951/2024, o Brasil possa desenvolver um ambiente regulatório e técnico mais favorável. Com isso, o seguro paramétrico tem potencial para transformar a gestão de riscos no campo e fortalecer a resiliência do agro frente às mudanças climáticas.
“A plena realização do potencial do seguro paramétrico no agronegócio brasileiro dependerá de um esforço coordenado entre reguladores, seguradoras, provedores de dados climáticos e representantes do setor rural para modernizar o ambiente regulatório e criar as condições necessárias para esta revolução na gestão de riscos agrícolas. Somente com um ambiente legal favorável e uma infraestrutura de dados robusta será possível colher os frutos desta inovação securitária, contribuindo para a sustentabilidade e competividade agronegócio brasileiro no cenário global”, conclui.